Alvaro ataca o PT e evangélicos aderem a Bolsonaro na reta final
Não fosse o esforço de Alvaro Dias para desmistificar o discurso do PT e a concorrência com a entrevista exclusiva de Jair Bolsonaro, transmitida simultaneamente pela Rede Record, o último debate do primeiro turno da corrida presidencial, realizado na noite de ontem (4) pela Rede Globo, teria sido igual aos anteriores, consumidos mais por críticas aos adversários do que propriamente pela colocação de propostas factíveis para a solução do grave momento econômico, político e social vivido pelo Brasil.
No debate da Globo, Alvaro ironizou Fernando Haddad insistentemente. "Ao final do programa, vou te entregar a pergunta que é para ser feita ao verdadeiro candidato, que está preso", disse ele mais de uma vez, referindo-se ao ex-presidente Lula, que cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. No papel estava manuscrito: "Quem mandou matar Celso Daniel e as sete testemunhas do crime? Você sabe". Irritado, o candidato petista retrucou dizendo "você deveria ter mais compostura nesse debate", mas não negou o fato de já ter ido 15 vezes ver Lula na prisão.
Durante toda a campanha, Alvaro foi o único dos candidatos a chamar sistematicamente a atenção dos brasileiros para as denúncias de corrupção envolvendo os governos Lula e Dilma. Geraldo Alckmin fez apenas críticas genéricas aos governos petistas, até pelo fato de a Lava Jato ter alcançado tucanos ilustres como o ex-presidenciável Aécio Neves, além dele próprio. Já Ciro Gomes, Marina Silva e Henrique Meirelles pouco trataram do assunto, até por terem sido ministros de Lula ou Dilma, quando não de ambos.
SACO DE PANCADAS
A única sintonia no debate da Globo ocorreu em relação aos ataques ao favorito nas pesquisas Jair Bolsonaro, que não compareceu ao debate por recomendação médica, mas pôde falar aos brasileiros em entrevista exclusiva à Rede Record, gravada durante a tarde e que exigiu um detalhado trabalho de edição por ter sido interrompida várias vezes por conta do estado de saúde do candidato, ainda em recuperação do atentado sofrido há um mês em Minas Gerais. Sobre este assunto, o presidenciável reiterou sua suspeita sobre a investigação da Polícia Federal, dizendo que "o processo está sendo conduzido por um delegado de confiança de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais".
Mas a quinta-feira foi mais produtiva para Bolsonaro pela notícia de novas adesões à sua candidatura nesta reta final do que propriamente pela exibição de sua entrevista simultaneamente ao debate da Globo. Depois da Bancada Ruralista, integrada por 261 deputados federais e senadores, ele recebeu o apoio da Frente Parlamentar Evangélica, que reúne 203 deputados federais e senadores. "Mais que uma questão natural, é uma questão espiritual. Está acima de qualquer doutrina partidária. É a defesa dos valores da família cristã", diz nota oficial da bancada. (Foto: Wilton Junior/Estadão)