Intervenção não reduz tarifa e muito menos suspende cobrança do pedágio
As informações ainda são um tanto vagas, mas o fato é que a intervenção anunciada no fim da manhã desta quinta-feira (4) pelo Governo do Paraná nas concessionárias que exploram as rodovias do Anel de Integração não traz qualquer benefício imediato para os usuários.
Em uma entrevista coletiva da qual a governadora Cida Borghetti não participou, ao contrário do que estava anunciado, o secretario de Infraestrutura e Logística, Abelardo Lupion, e o controlador geral do Estado, Carlos Eduardo de Moura, anunciaram que a partir de hoje as praças de pedágio passarão a ser fiscalizadas por coronéis reformados da Polícia Militar. "Os interventores vão ter a obrigação de buscar informações nas sedes dos pedágios.?Serão os olhos do Estado e da Justiça nas praças", disse Lupion, sem detalhar medidas efetivas que eles poderão ou deverão adotar porque isso ainda está na dependência de uma decisão judicial. "O pedido foi feito pelo Estado e está na mão da Justiça se o [valor do] pedágio baixa", afirmou.
O Estado justificou a medida às irregularidades descobertas pela Lava Jato no pedágio, indicando que havia um conluio entre a cúpula da gestão Beto Richa, servidores públicos e as concessionárias, com superfaturamento de obras e realização de aditivos contratuais para pagar propina.
O?governo diz que tentou reduzir as tarifas imediatamente em 25% via judicial, mas o pedido de liminar ainda não foi analisado, o que deve ocorrer até amanhã. Só depois disso é que poderá ocorrer alguma novidade em relação a preços.
ANTECEDENTE
Esta não é a primeira vez que o Governo do Paraná decide, unilateralmente, reduzir as tarifas do pedágio. Isso já foi feito na gestão Jaime Lerner, em 1998, e acabou garantindo a sua reeleição. Na ocasião, as concessionárias saíram vitoriosas e conseguiram aditivos que as desobrigaram de uma série de obras. O uso eleitoral também foi feito por Roberto Requião, que com a promessa do "baixa ou acaba" acabou voltando ao comando do Palácio Iguaçu, mas nada aconteceu depois disso. No caso de Cida Borghetti, salta aos olhos o fato de a medida ter sido tomada a três dias da uma eleição cujas pesquisas apontam para a possibilidade real de seu adversário Ratinho Júnior vencer já no primeiro turno.