A notícia de que Jair Bolsonaro já comprou a passagem para retornar ao Rio de Janeiro logo após a alta hospitalar, nesta sexta-feira, soou como um bálsamo para todos em sua campanha. Menos pelo fato de poder se ocupar pessoalmente dos dez dias que ainda restam da caminhada do primeiro turno - muito embora de dentro de sua casa, localizada em um condomínio fechado na Barra da Tijuca - e mais para minimizar os efeitos de uma declaração estilo tiro no pé dada ontem por seu candidato a vice, mas vinda a público apenas hoje. O 13º salário é uma "jabuticaba brasileira?, uma "mochila nas costas dos empresários" e "uma visão social com o chapéu alheio", afirmou o general Hamilton Mourão em palestra na Câmara dos Dirigentes Lojistas da cidade gaúcha de Uruguaiana. O fato foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo e gerou grande apreensão por passar a impressão de que um eventual governo Bolsonaro poderá representar o fim desse direito.

Cala-boca

Ao tomar conhecimento do fato, Bolsonaro recorreu imediatamente ao Twitter, nesta quinta-feira, para dar um "chega pra lá" em Mourão. "O 13° salário do trabalhador está previsto no art. 7° da Constituição em capítulo das cláusulas pétreas (não passível de ser suprimido sequer por proposta de emenda à Constituição). Criticá-lo, além de uma ofensa a quem trabalha, confessa desconhecer a Constituição", escreveu Bolsonaro.

Prevenção

Assim que receber alta do hospital Albert Einstein, onde está internado desde 6 de setembro, Bolsonaro viajará em um avião de carreira de São Paulo para o Rio de Janeiro - como, aliás, vinha fazendo desde o início da campanha. Frequentemente ele se refere à morte do presidenciável Eduardo Campos, em 2014, como atentando político, por isso se recusa a viajar de jatinho.

Só um debate

Como está debilitado fisicamente e terá que permanecer com uma bolsa de colostomia por bom tempo, Bolsonaro cogita incluir em sua programação um único compromisso público até a eleição de 7 de outubro. Trata-se do debate derradeiro do primeiro turno, que a Rede Globo realizará na próxima quinta-feira (4).

Em xeque

Mesmo que por tabela, o escândalo do pedágio desvendado anteontem respingou mais uma figura central do processo eleitoral do Paraná. A julgar pelo silêncio mantido, o coronel Malucelli, candidato a vice-governador na chapa de Cida Borghetti, "nada viu" no período em que representou a Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná na Agepar, agência reguladora colocada no olho do furacão pela Lava Jato.

Repetição

Por falar em Cida Borghetti, ela não fez nada de inédito ao anunciar, ontem, que pretende pedir judicialmente a suspensão dos contratos das concessionárias de pedágio. Seu oponente Ratinho Júnior já havia feito isso formalmente como deputado estadual, em fevereiro deste ano, em relação ao contrato da Econorte, mas não foi ouvido pelo então governador Beto Richa.

Cara a cara

A questão do pedágio, a propósito, não deverá passar em brancas nuvens no debate que a RIC TV Record realizará nesta sexta-feira, entre 18h e 20h, quando Ratinho e Cida estarão novamente frente a frente. Além dos dois, também participarão João Arruda, Dr. Rosinha, Luiz Piva e Ogier Buchi. Os demais ficarão de fora por falta da representatividade mínima necessária de seus partidos no Congresso Nacional.

* Pílulas

* Os quatro investigados no caso do pedágio que foram presos em São Paulo e Santa Catarina chegaram hoje à carceragem da Polícia Federal em Curitiba. * Se juntaram às outras 13 pessoas presas no Paraná e que lá estavam desde ontem, entre elas o ex-secretário estadual Pepe Richa. * Uma ação do Gaeco contra o jogo do bicho em Campo Mourão levou à prisão de Gerson Salvadori. Ele é pai de Rodrigo Salvadori, secretário de Planejamento do Governo Cida Borghetti. * Ainda no campo do parentesco, inimigos da Lava Jato tentaram manchar a imagem de Sérgio Moro relacionando-o a Luiz Fernando Wolff Carvalho, um dos implicados no caso do pedágio que foram presos ontem. * "Se tiver parentesco, é muito distante, por parte da bisavó", reagiu Moro, cuja esposa Rosângela seria prima em segundo grau do empresário, que é proprietário da Triunfo Participações. * A Copel arrematou um dos lotes da Elebrobras leiloados nesta quinta-feira na Bolsa de Valores, mais especificamente a Uirapuru Transmissora de Energia, que atua no Norte do Paraná. * O martelo boi batido por R$105 milhões, lance 20,35% acima do preço mínimo inicial, que era de R$ 87,2 milhões.