Esquema que levou à prisão de Richa teria desviado mais de R$ 5,5 milhões
Pelos cálculos do Ministério Público do Paraná, feitos a partir de dados apresentados pelo delator Tony Gacia, ex-deputado que se transformou de aliado em inimigo de Beto Richa, o esquema que levou à prisão do ex-governador, ontem, desviou o equivalente a 8% do contrato de R$ 72,2 milhões do programa Patrulha do Campo - ou seja, pouco mais de R$ 5,5 milhões .
Para o juiz Fernando Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, que determinou a prisão preventiva de Richa, vários ex-secretários estaduais e empresários, o esquema funcionava com o aval do ex-governador. Já a ex-primeira-dama Fernanda Richa foi presa porque, segundo o MP, auxiliava o marido na lavagem do dinheiro desviado por meio da compra de imóveis em nome da Ocaporã Administradora de Bens Ltda, empresa pertencente à família.
"Há substratos nos autos que apontam que os investigados se associaram para constituir uma organização criminosa hierarquizada, que mediante divisão de tarefas realizaram crimes de fraude à licitação, corrupção, lavagem de dinheiro, dentre outros", argumenta o magistrado em sua decisão.
Ao MP, Tony Garcia relatou ter sido procurado por Osni Pacheco (já falecido), da Cotrans, e Celso Frare, da Ouro Verde, para fraudar a licitação do Patrulha do Campo, cujo edital, lançado em 2011, previa o fornecimento de maquinário para o programa de manutenção em estradas rurais no interior do estado. O montante envolvido era de R$ 72,2 milhões, em valores não atualizados. A proposta teria sido para superfaturar os contratos e repassar 8% do faturamento bruto.
De acordo com a delação de Tony Garcia, Beto Richa teria aceitado a oferta e o orientado a procurar Ezequias Moreira, Deonilson Roldo e Pepe Richa para implementar o esquema. E Joel Malucelli teria se unido aos empresários, a quem caberia orientar a elaboração da licitação. (Foto: Arquivo)