Dano generalizado
Considerando que Justiça e Ministério Público logrem pleno êxito no esforço para recuperar os milhões que estimam terem sido desviados dos cofres públicos paranaenses e que ensejaram as duas megaoperações policiais desta terça-feira no Estado, ainda assim não poderá ser medido em cifrões o prejuízo maior a ser contabilizado por alguns dos acusados de envolvimento com o propinoduto da Odebrecht e o suposto aluguel superfaturado de máquinas usadas no programa Patrulha Rural, bem como por outros que nada têm a ver com esses lamentáveis episódios. O caso mais visível é o do ex-governador Beto Richa, que despontava como franco favorito na eleição marcada para daqui a menos de 30 dias e ficou praticamente alijado da disputa por uma cadeira no Senado. Os candidatos a governador Cida Borghetti (ex-vice e aliada de Richa na presente campanha) e João Arruda (genro de Joel Malucelli, um dos que tiveram a prisão decretada pela Justiça) eleitoralmente também sairão chamuscados, o mesmo acontecendo com o jovem Marcello (filho de Richa), que aparecia na bolsa de apostas como provável campeão de votos na disputa pela Assembleia Legislativa. E pode sobrar até mesmo para o presidenciável Alvaro Dias, de quem Malucelli é suplente no Senado.
No lucro
De outro lado, a tendência é de que as prisões de hoje, capazes de provocar uma espécie de abalo sísmico nas urnas, favoreçam sobremaneira Ratinho Junior na corrida para o Palácio Iguaçu, e principalmente Flávio Arns e outros postulantes que até agora ocupavam posições intermediárias nas pesquisas para o Senado.
"Tico-tico"
Segundo Guilherme Voitch, colunista da revista Veja, uma das provas que levaram à prisão de Beto Richa é uma gravação em que ele admite o recebimento de dinheiro das empreiteiras que executavam o programa Patrulha do Campo. No áudio, que teria sido entregue ao Gaeco pelo ex-aliado Tony Garcia, Richa afirma a um interlocutor que já havia recebido o "tico-tico" de uma das empreiteiras.
Nada combinado
O juiz Sérgio Moro e o delegado Leonir Batisti não estão fazendo nenhuma dobrada no Paraná, muito embora não seria algo errado se isso estivesse acontecendo. Não passou de mera coincidência o fato de as operações de hoje da Polícia Federal e do Gaeco no Estado terem sido desenvolvidas simultaneamente.
Chega hoje
Fontes ligadas à campanha de Jair Bolsonaro em Cascavel confirmaram que o candidato a vice, general Hamilton Mourão, desembarcará ainda nesta terça-feira no aeroporto da cidade. O horário, entretanto, é mantido em sigilo. Com ele virão 11 seguranças, assessores, dois grandes agropecuaristas e Paulinho Vilela, candidato a deputado federal por Londrina.
Dois dias no PR
Mourão pernoitará em um hotel de Cascavel e amanhã fará uma visita à Apae às 8 horas e logo depois irá à Acic, onde ministrará palestra a empresários a partir das 9h e dará coletiva à imprensa às 10. Depois ele seguirá para Londrina, onde à noite participará de um encontro da campanha de Vilela, e na quinta-feira cumprirá agenda em Ponta Grossa e Curitiba.
* Pílulas
* De Ratinho Junior, ao comentar a prisão de Beto Richa e vários ex-secretários estaduais: "Quem fez coisa errada tem que ser punido". * De Cida Borghetti, sobre o mesmo assunto: "Cada um tem que responder pelos seus atos. Eu estou tranquila, em paz, fazendo o meu trabalho". * Já o senador Roberto Requião considerou o fato profundamente lamentável e disse que, para "libertar o Paraná", só elegendo seu sobrinho João Arruda governador. * O advogado Túlio Bandeira e seu irmão André também foram presos hoje pelo Gaeco. Túlio é o mesmo que foi candidato a prefeito de Foz do Iguaçu e já havia sido preso anteriormente por outros motivos. * O ex-vereador Júlio César Leme da Silva foi condenado pela Vara da Fazenda Pública a devolver R$ 140 mil à Câmara de Cascavel. * O valor foi arbitrado pelo juiz Osvaldo Alves da Silva pelo fato de Júlio ter desrespeitado decisão judicial vedando o recebimento de verba indenizatória na época em que era presidente da Casa. * Os vereadores cascavelenses aprovaram hoje, em segunda discussão, o projeto de Jaime Vasatta que amplia de 60 para 120 dias o prazo de validade das avaliações de imóveis expedidas pelo Município.