Uma equipe de inteligência da Polícia Federal está fazendo hora extra neste feriadão para esclarecer os mistérios existentes por trás da tentativa de assassinato do presidenciável Jair Bolsonaro, atingido com uma facada por Adelio Bispo de Oliveira na tarde de quinta-feira, enquanto fazia campanha na cidade mineira de Juiz de Fora.

Há muitas peças que não se encaixam nesse episódio, a começar pelo fato de quatro advogados particulares terem comparecido à audiência de custódia realizada na tarde de ontem, quando a juíza federal Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho converteu a prisão em flagrante em prisão provisória com base no artigo 20º da Lei de Segurança Nacional.

O mais conhecido da banca contratada ninguém sabe exatamente por quem (nem por quanto) é Zanone Manoel de Oliveira Júnior, que ganhou notoriedade ao defender o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado a 27 anos de prisão pelo assassinato, em 2010, da modelo Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno, à época atleta do Flamengo do Rio.

"Alguém com situação de pobreza como a gente viu ter quatro advogados e não ter a defensoria pública acompanhando é de se estranhar", comentou o deputado federal paranaense Fernando Francischini, delegado aposentado da PF e líder do partido de Bolsonaro na Câmara, lembrando que a polícia já confirmou que Adelio, mesmo desempregado, pagou antecipadamente e em espécie um mês de hospedagem em Juiz de Fora.

TRANSFERÊNCIA

Réu confesso do atentado contra Bolsonaro, Adelio passou a última noite em um centro de detenção provisória de Juiz de Fora e no amanhecer deste sábado foi embarcado em um avião da PF para ser transferido ao presídio federal de Campo Grande (MS), onde deverá permanecer no aguardo do julgamento.

Atribuindo o atentado ao "discurso de ódio" de Bolsonaro, o advogado Zanone informou que a defesa irá solicitar exames de sanidade mental de Adelio, que no interrogatório disse ter atentado contra o presidenciável "a mando de Deus". (Foto: Tomaz Silva/AGBR)