Saúde alerta para perigo de movimento anti-vacinação
Em reunião com a vice-presidente da Comissão de Saúde e líder do Bloco Parlamentar de Saúde Pública da Assembleia Legislativa do Paraná, deputada Márcia Huçulak, membros do Conselho Estadual de Saúde do Paraná entregaram um manifesto de repúdio a falas anti-vacinação proferidas no Parlamento.
Os representantes do órgão também demonstraram preocupação com a possibilidade de apresentação de um projeto de lei que vise eliminar a cobrança de vacinação nos primeiros anos escolares (tramitação que ainda não teve início na Casa). O Conselho reúne gestores, prestadores de serviços, profissionais e representantes dos usuários de Saúde.
O conselheiro Decarlo Cisz Trevisan destacou o risco de comprometimento da chamada "imunização de rebanho" - quando grande parte da população se torna imune, pela vacinação ou infecção natural. "Temos que tomar a vacina para fortalecer esse sistema. Quanto mais pessoas tomarem, mais pessoas estarão protegidas", ressaltou.
O manifesto alerta para o perigo da desinformação, na medida em que a disseminação de discursos anti-vacina "não têm base científica e geram um impacto perigoso para saúde pública".
"Hoje temos baixos índices de vacinação em todas as vacinas. Quando você desestimula o uso de um imunizante, você desestimula o uso de todos", ressaltou a deputada Márcia Huçulak.
Os conselheiros entendem que a tentativa de deslegitimar a importância da imunização gera um aumento da "hesitação vacinal" - ou seja, a dúvida sobre aplicar o imunizante -, comprometendo anos de progresso na saúde pública.
Um exemplo é a baixa procura pela vacina contra dengue no último ano, além de casos recentes de morte por coqueluche - problema que não ocorria no Brasil há anos. Em 2024, pelo menos dois bebês, de cinco e três meses, morreram por coqueluche em Curitiba, segundo a secretaria municipal de Saúde. Ambos não haviam sido vacinados. Foram os primeiros óbitos em 11 anos.
CIÊNCIA
De acordo com o manifesto do Conselho Estadual de Saúde, os posicionamentos contra vacina ignoram evidências científicas, "colocando vidas em risco e fomentando desinformação sobre imunização infantil". O manifesto lembra que a vacinação contra Covid-19 salvou milhões de vidas e continua sendo a forma mais eficaz de prevenir hospitalizações, sequelas e mortes causadas pela doença.
"Defender a vacinação não é uma questão ideológica", diz o documento. "A vacinação não é uma decisão meramente individual, mas um compromisso coletivo que visa a proteger toda a sociedade". O manifesto
lembra que a Constituição Federal (artigo 196) determina que o Estado deve garantir ações de saúde pública "para todos os brasileiros". (Foto: Rodrigo Félix Leal/AENPR)