"Quebrou tem que pagar, mas..."
Mesmo correndo o risco de parte dos leitores torcerem o nariz por conta dessa breve escrita - que, diga-se de passagem, não é de um lulista, bolsonarista ou coisa que o valha, apenas de alguém que procura defender o certo e combater o errado -, devo opinar que o quebra-quebra do dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília, não é algo que devamos simplesmente apagar da memória, sob pena de o País flertar cada dia mais com a anarquia, algo que pode até beneficiar alguém por alguns instantes, mas que certamente vai prejudicar a todos indefinidamente.
Parafraseando a expressão idiomática "ajoelhou tem que rezar", que já virou até música e sugere que todos nós devemos assumir as responsabilidades por aquilo que fazemos aos outros, parece-me equivocado defender a anistia plena dos implicados naquele ataque horroroso às sedes dos Três Poderes - que são, em última análise, propriedades de todos nós.
E para assegurar que esta não é uma opinião isolada, devo informar a quem ainda não sabe que pesquisa do instituto Genial/Quaest divulgada ainda ontem (7) - data de um grande ato pró-anistia realizado em São Paulo com a presença, inclusive, do ex-presidente Jair Bolsonaro - mostrou que 56% dos brasileiros são contra a pura e simples soltura dos que foram condenados e presos por aquilo tudo. Só 34% se disseram favoráveis, o que significa que há muito eleitor do próprio Bolsonaro achando que é necessário punir os implicados.
Mas, como democrata e conhecedor da história política brasileira dos últimos mais de 40 anos por conta da lida com o jornalismo político, devo ressaltar que, na minha opinião, ao mesmo tempo em que o STF (Supremo Tribunal Federal) acerta em condenar os comprovadamente implicados no caso, erra nas penas exacerbadas aplicadas sob o argumento de que o que aconteceu não pode ficar impune. E erra não só pela diferença gritante dessas condenações comparadamente a outras relativas a fatos ainda mais graves, mas também por conta daquela velha máxima segunda a qual "a diferença entre o remédio e o veneno está na dose".
Resumindo: é correto que esse pessoal pague pelos seus atos, mas na medida justa, não nesta que está sendo mensurada pela régua do Xandão e Cia. (Foto: Divulgação redes sociais)