A primavera em Brasília
J. J. Duran
Os grupos políticos que há 30 anos administram o Brasil fizeram com que nossas instituições apodrecessem como peças literárias sem valor. São três décadas de um controle político de distintos matizes, como o liberalismo, o personalismo populista e o reformismo sem autenticidade e sem moral democrática, que deixaram um enorme rastro de destruição.
Por isso, no pleito desta primavera que aparece no firmamento o eleitor terá, mais uma vez, a oportunidade de fazer a grande reforma política. Rejeitar aqueles candidatos impostos pelas cúpulas partidárias que são indignos de mais um voto de confiança será o pontapé inicial para estancar o processo de deterioração pelo qual passa a República.
Não votemos naqueles que se beneficiaram do sodalício parlamentar para escapar dos homens de toga da Lava Jato. Não votemos naqueles que procuram, com a reeleição, escapar da iminente condenação que os espera ao fim dos atuais mandatos. Não votemos nos sócios do capitalismo fraudulento, que fez com que 13 milhões de trabalhadores mergulhassem no submundo do desemprego e da desesperança.
É nesta hora eleitoral que cada um de nós se converte em responsável pelo seu próprio destino, bem como pelo destino das futuras gerações. Há de se usar o voto para rechaçar todos que contribuíram para levar o Brasil e os brasileiros a esse cenário de crise econômica e social sem precedentes.
Devemos respeitar as divergências ideológicas e as autonomias partidárias, porém transformar o voto no denominador comum para resgatar a República da prostração moral e material em que ela foi colocada por muitos daqueles que hoje voltam a pedir cinicamente o voto para manter a imunidade conferida pelo mandato eletivo.
Votemos naqueles poucos que, no curso de seus mandatos, foram paradigmas de decência dentro e fora dos recintos públicos. Votemos em quem, no meio desse deserto moral, cumpriu sua parte para resgatar a legitimidade perdida pelo poder, pois só assim ajudaremos a escrever uma nova e límpida página na história política brasileira.
Não votemos em candidatos de biografias artificiais e que nos prometeram sonhos, mas nos entregaram o pesadelo das frustrações.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras