Desta vez nem a arruda resolveu
De nome científico "ruta graveolens", a arruda é considerada uma planta medicinal com propriedades energéticas, mas no Brasil é mais conhecida por supostos poderes de afastar energias negativas, o tal "mau-olhado".
No caso desse breve comentário, no entanto, o tema não é aquela plantinha chamada arruda, mas sim "o Arruda", mais precisamente Ricardo Arruda, deputado estadual do PL paranaense conhecido por não economizar acidez em seus comentários e que, por conta disso, poderá ter que enfrentar o incômodo de pedir desculpas publicamente, além de desembolsar uma graninha que chega a ser uma quase pequena fortuna para qualquer trabalhador que é obrigado a viver do salário mínimo.
Explico: ele vem de ser condenado em ação por danos morais movida pela deputada federal e agora novamente ministra Gleisi Hoffmann por ter proferido publicamente a seguinte frase em uma postagem nas redes sociais, em outubro de 2024: "Pessoal, olha ela de novo aí, a presidente do PT, a tal da amante, olha aí ela esbravejando porque ouviu a verdade. Nenhum esquerdista suporta ouvir a verdade".
O próprio Ricardo Arruda anunciou em sessão da Assembleia que irá recorrer, argumentando que sua postagem está "protegida pelo direito à liberdade de expressão" e que a crítica veiculada "não teve caráter misógino ou calunioso, mas sim natureza opinativa", pois foi usada em tom de "ironia política".
Mas a juíza Tatiana Dias da Silva Medina, da 18.ª Vara Cível de Brasília, não entendeu bem assim em sua sentença, na qual considerou a declaração do deputado paranaense "nitidamente vexatória" por denotar "um total desrespeito" à sua oponente. A magistrada ressaltou que, na condição de figura pública, Gleisi está naturalmente sujeita a críticas de seus opositores e cidadãos em geral, mas isso não significa que ela deva "tolerar que sejam ditas contra si palavras que visem desqualificá-la como pessoa".
Se não conseguir reverter a decisão, Arruda, o deputado, será obrigado a postar outro vídeo nas redes sociais dizendo serem "inverídicas" as afirmações feitas por ele lá atrás e ainda a pagar uma indenização de R$ 7 mil. (Fotos: Orlando Kissner/Alep e Jaéson Alves/AGBR)