"Uma grande família"
Ao usar esse título não estou me referindo à série de maior sucesso na televisão, que permaneceu no ar por nada menos que 14 temporadas na Rede Globo, tampouco àquela música que arrebatou os corações sertanejos do Brasil todo nas vozes de Chitãozinho e Xororó no finzinho do século passado, mas sim da maldade praticada pelos Tribunais de Contas, cortes encarregadas de fiscalizar os gastos da União, dos estados e dos municípios e até do Poder Judiciário.
Na série de reportagens que vem fazendo para mostrar os privilégios bancados com dinheiro público, especialmente no Poder Judiciário, o portal UOL vem de apurar que de um total de 225 conselheiros desses tribunais analisados, 74 (30%) têm parentesco direto com governantes antigos ou atuais.
São vagas disputadíssimas por serem vitalícias e pagar salários altíssimos engordados por muitos privilégios, via de regra preenchidas por pessoas indicadas por políticos importantes e que, às vezes, até se prestam a dar pareceres para complicar a vida dos opositores de seus "padrinhos".
Duas semanas atrás o mesmo portal já havia publicado o resultado de um levantamento da ONG Transparência Brasil indicando que nada menos que nove de cada dez juízes brasileiros ganham salários maiores que o de ministro do STF, usado como base para o chamado teto constitucional e que hoje está em R$ 46,3 mil. Não por acaso o próprio CNJ (Conselho Nacional de Justiça) atestou que o Judiciário como um todo teve um gasto de R$ 7 bilhões com salários acima do teto apenas ao longo do ano passado.
A julgar por tais dados, para dar certo o Brasil terá mesmo que "fechar para balanço" e começar novamente do zero, pois enquanto a proposta do ex-deputado federal paranaense Rubens Bueno que surge como solução eficiente "mofa" há anos em algum arquivo do Senado Federal, a gastança do Judiciário brasileiro só cresce. (Foto: Reprodução)