O coronel, as ruas e a esmola
Com a bagagem de quem já foi comandante do 6º BPM, um dos maiores e mais atuantes batalhões da Polícia Militar paranaense, o coronel Lee tem se dedicado quase em tempo integral a uma dura missão confiada a ele pelo prefeito Renato Silva: dar um destino adequado às incontáveis pessoas de rua que andaram tomando conta de vários pontos de Cascavel, entre as quais se misturaram, convenientemente, alguns criminosos já condenados ou foragidos.
Chamada Operação Resgate e iniciada há pouco mais de duas semanas, a ação tem apresentado avanços, mas certamente ainda não da forma como o coronel e seus comandados desejam, pois inúmeras dessas pessoas deixaram claro que preferem permanecer onde estão, mesmo diante do leque de alternativas que a elas tem sido oferecido para que voltem a ter uma vida "normal", ou seja, voltem a ganhar o pão de cada dia com o trabalho que muitos abandonaram logo ali atrás e outros nem procuraram ainda.
Só na primeira semana da operação foram feitas mais de 500 abordagens, que culminaram com quatro prisões e recuperação de três carros roubados, além da apreensão de quase 400 cachimbos improvisados para consumo de drogas e 351 armas brancas.
Um dado preocupante é que apenas 13 dessas pessoas aceitaram ser acolhidas nas instituições de assistência mantidas pelo Município, o que corrobora a importância da campanha contra a doação de esmola que acaba de ser lançada pela administração municipal, pois quanto mais esmolas essa gente receber nas ruas, mais difícil será a trefa de convencê-la a voltar a ter uma vida digna, com teto para morar, família e trabalho.
E boa parte das que recusaram a mão amiga do poder público municipal é beneficiária do Bolsa Família, cujos quase 13 mil cadastros existentes na cidade vão agora passar por um verdadeiro pente-fino por ordem expressa do prefeito, algo que deveria ser corriqueiro não só em Cascavel, mas no Brasil inteiro para que esse importante programa não se perca pela desmoralização. (Foto: Secom/PMC)