"[...] Os manifestantes se comportavam como agentes públicos, controlando o fluxo de passagem de veículos, não havendo qualquer amparo legal que legitimasse essa prática. […] As pessoas não aderentes ao movimento não tinham a opção de não participar, pois, como são impedidas de transitar livremente, tiveram as suas vidas pessoais diretamente atingidas, na medida em que não conseguiam chegar aos seus trabalhos nem comparecerem a consultas e tratamentos médicos em outras cidades, por exemplo".

Esse é apenas um trecho literal da sentença da juíza Lívia Simonin Scantamburlo, que condenou oito pessoas acusadas de liderar um bloqueio irregular da PR-180, em Goioerê, cidade a menos de 120 km de Cascavel. O bloqueio foi realizado com tratores agrícolas em novembro de 2022 para questionar a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva sobre Jair Messias Bolsonaro, mas a decisão só saiu agora, quase dois anos e meio mais tarde, como resultado de denúncia formulada pelo Ministério Público Estadual.

Herley Kleber Dantas de Oliveira e Luci Alvino Kniphoff da Silveira, à época vereadores em Goioerê, foram condenados a pagar R$ 40 mil cada por danos morais. A sentença prevê o pagamento do mesmo valor por parte, também, de João Claudio Tozzi, Mauro de Oliveira e Milton Poloi. Já Marcio Cesar Kazama e Wesley Aparecido de Souza foram condenados a pagar R$ 30 mil cada e Nelton de Castro Soares a pagar outros R$ 10 mil, num total de R$ 270 mil. Todos já decidiram que irão recorrer da decisão por entender que ela é completamente injusta.

Vale lembrar que caminhoneiros, MST e inúmeras outras categorias fizeram protestos idênticos no Paraná nos últimos anos, causando prejuízos ainda maiores, e foram simplesmente ignorados. (Foto: MP-PR)