Lago de Itaipu vai ganhar uma usina flutuante de energia solar
A semana chega ao fim marcada por mais uma novidade importante no setor elétrico: a autorização para início da implantação de uma usina solar flutuante no Lago de Itaipu, composta por cerca de 2 mil painéis fotovoltaicos a serem instalados em uma área de 7 a 10 mil metros quadrados, inferior a um hectare, no lado paraguaio da hidrelétrica. O prazo para execução do serviço é de 150 dias, mas ainda serão necessários outros 180 dias para assistência técnica, treinamento e aceitação final do produto.
A ordem de serviço foi assinada pelos diretores-gerais da Itaipu, Enio Verri (Brasil) e Justo Zacarias Irún (Paraguai), e pelos representantes do consórcio binacional Sunlution-Luxacril, Ediléu Cardoso Jr. e Sebastian Rojas. A planta solar terá caráter experimental, com capacidade de 1 MWp (Megawatt-pico), o suficiente para abastecer aproximadamente 650 residências.
De acordo com Verri, a energia gerada pela usina flutuante (entre 1,8 mil MWh e 2 mil MWh) vai atender parcialmente o consumo dos escritórios da própria Itaipu e o projeto tem por objetivo estudar a viabilidade, os benefícios e os eventuais impactos ambientais no reservatório. Os resultados poderão servir de base para ampliação do sistema na própria Itaipu e a instalação de usinas flutuantes em outros reservatórios do Brasil e do Paraguai.
"A compreensão do nosso governo é que a energia elétrica é uma política de inclusão social. As pessoas que têm acesso à energia elétrica podem ter uma geladeira, podem ter outro elétrico doméstico, podem ter qualidade de vida. E o Brasil tem essa grande vantagem: somos o maior produtor de energia hidrelétrica do mundo. A sacada desse projeto é aproveitar a estrutura de uma usina hidrelétrica para produzir energia solar. Estou convencido de que em poucos anos iremos oferecer essa energia para a sociedade", afirmou Verri.
De acordo com Ediléu Cardoso Jr., CEO do grupo KWP Energia/Sunlution, apenas 10% da lâmina d’água do reservatório já seriam suficientes para implantar uma usina solar com 14 mil MW de potência instalada, ou seja, uma nova Itaipu. "Quando se fala de uma usina dessa dimensão, com uma empresa binacional, esse é o primeiro projeto que se faz [no mundo]. Então é um passo muito importante para iniciar uma trajetória de crescimento e trazer uma nova fonte de geração em grande escala", destacou.
O modelo também tende a reduzir a evaporação (preservando a água do reservatório) e mitigar a formação de algas, contribuindo para a preservação dos ecossistemas aquáticos. "Isso é o que a gente tem de conhecimento prévio. Mas agora poderemos comparar os dados atuais com os dados coletados depois da instalação da usina. E, assim, subsidiar tecnicamente os diretores da Itaipu para decisões futuras", observou.
O consórcio responsável pela instalação da usina, formado pelas empresas Sunlution (brasileira) e Luxacril (do Paraguai), venceu a licitação apresentando o valor de US$ 854,5 mil, deságio de 11,72% em relação ao previsto no edital. O contrato inclui a entrega do projeto de engenharia, dos equipamentos elétricos, do sistema de controle e instrumentação, estrutura mecânica, obras civis e estruturais, construção, montagem e comissionamento. (Foto: Reprodução TripAdvisor)