Roman bate em Paranhos, mas apanha do Fantástico
O inferno astral de Evandro Roman parece estar longe do fim. Ainda inconformado com o fato de ter ficado sem mandato por, segundo suas próprias palavras, não ter recebido de Leonaldo Paranhos a retribuição merecida pelo grande volume de recursos que conseguiu carregar para Cascavel, escolher o ex-prefeito como maior culpado por sua não reeleição e chamá-lo em diversos vídeos de "o maior ladrão da história de Cascavel", ele agora é atingido por uma duríssima reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo.
Colocando em letras garrafais a frase "não há fatos eternos, como não há verdades absolutas", de autoria do filósofo alemão do século XIX Friedrich Nietszche, Roman postou nota já próximo da meia-noite de ontem (9) em seu Instagram afirmando usar a rede social "com transparência e respeito à verdade" para garantir que a reportagem da Globo, levada ao ar poucas horas antes, corresponde "tão somente a partes distorcidas e descontextualizadas de uma reunião que durou cerca de 40 minutos, onde foram tratados vários aspectos do funcionamento da Lei 14.133, que regula licitações e contratos com o setor público". E mais: negando, taxativamente, que suas empresas mantenham contratos com o setor público ou que participe "de qualquer tipo de esquema ilícito".
"Tenho um histórico claro de combate à corrupção. Desde as últimas eleições, venho denunciando publicamente práticas ilícitas e atuando para expor esquemas de corrupção. Sabia que, ao incomodar poderosos, poderia sofrer retaliações, mas não são denúncias infundadas que irão me paralisar", acrescentou ele, atribuindo a referida reportagem ao fato de estar denunciando Paranhos e sugerindo, assim, que o ex-prefeito poderia estar por trás dessa matéria bombástica.
FANTÁSTICO
A reportagem do programa dominical da Rede Globo exibiu imagens de dois personagens supostamente negociando a realização de compras direcionadas em troca de "comissões" como frutos de licitações fraudulentas. Um dos tais "corretores" é justamente Evandro Roman, que de acordo com o Fantástico, estaria apresentando atas de material cirúrgico pertencentes ao esquema e também sugerindo a abertura de licitação para compra de sistemas educacionais para escolas municipais.
De acordo com reportagem do jornal O Globo, do mesmo grupo de comunicação, no vídeo Roman "relata que o esquema poderia dar um ‘retorno’ de até 30% do valor da compra", montante em recursos públicos que seria desviado para ser "dividido entre os ‘corretores’ e os funcionários de prefeituras que viabilizassem o esquema".
Esta e outras frases foram extraídas de uma gravação em que Roman aparece conversando com alguém que não sabia se tratar de um repórter da Globo. Uma segunda gravação foi feita com Jaqueson Espíndola, identificado pela reportagem como outro "corretor" e que aparece afirmando que o esquema opera no País inteiro. "Hoje nós temos desde o alfinete até o foguete, então é muito difícil que um órgão público não precise de nós", diz ele em dado momento. Tal qual Roman, Espíndola também se manifestou por nota afirmando não trabalhar "com propina" e negando participação em qualquer tipo de fraude. (Foto: Divulgação Câmara)