Os números da (in)Justiça
A chamada grande mídia repercutiu, no último fim de semana, os números de mais um estudo que precisa ser levado em conta se quisermos continuar sonhando com um Brasil verdadeiramente justo, para que todos tenham condições se projetar seu futuro e lutar por ele sabedores de que serão recompensados pelo seu esforço.
Refiro-me a números que tornam os membros do nosso Poder Judiciário seres absolutamente privilegiados, como se fossem uma espécie de semideuses. Em 2023, pelo balanço apresentado, nosso País destinou 1,3% do PIB para gastos com os Tribunais de Justiça. Abaixo apenas do gasto de El Salvador, que destinou ao Judiciário naquele mesmo ano 1,59% de toda riqueza produzida, o gasto brasileiro ficou nada menos que 4,3 vezes maior que a média internacional, que é de apenas 0,3% do PIB.
Nesse mapa de gastos, El Salvador e Brasil foram seguidos por Kosovo (0,66%), Bulgária (0,65%), Guatemala (0,55%), Polônia (0,49%), África do Sul (0,44%), Letônia (também 0,44%), Eslovênia (0,43%) e Reino Unido (0,42%). Entre as maiores potências mundiais, os maiores gastos foram da Alemanha (0,39%) e da Espanha (0,37%), ainda assim quatro vezes menor que o nosso.
E que ninguém ouse achar que os culpados por esse cenário arrepiante estão todos lá em Brasília, cidade-sede dos tribunais superiores, pois os tribunais estaduais responderam por R$ 100,7 bilhões do total de R$ 156,6 bilhões de gastos daquele ano.
Nem que tivéssemos uma Justiça "the flash" justificaria tamanha aberração, por isso urge que a sociedade brasileira se junte num esforço comum para evitar que privilégios desse tipo levem nosso País a ter que "fechar para balanço" logo ali na frente. (Imagem: iStock)