Acordo: veja o que Mauro Cid pediu para entregar Bolsonaro
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, derrubou nesta quarta-feira (19) o sigilo do acordo de delação premiada feito pelo tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Messias Bolsonaro, para contar tudo que sabia sobre a suposta tentativa de golpe que culminou com os atos violentos do dia 8 de janeiro de 2022, em Brasília.
A medida foi tomada um dia depois de a PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciar o ex-presidente, na opinião do procurador Lauro Bonet o líder do suposto plano antidemocrático, e outras 33 pessoas, dentre elas o próprio Mauro Cid.
Ficou-se sabendo agora que o ex-ajudante de ordens do ex-presidente concordou em contar tudo que sabia mediante as seguintes condições: que a pena a ele imposta por participação no episódio seja de no máximo 2 anos de prisão; que seus bens e valores apreendidos sejam integralmente restituídos; que os benefícios a ele concedidos sejam estendidos também ao pai, à esposa e à filha mais velha; e que a Polícia Federal garanta segurança total para ele e seus familiares.
Em troca desses benefícios todos, Mauro Cid se comprometeu, dentro do acordo, a esclarecer todos os crimes que praticou, de que participou ou tenha conhecimento; falar a verdade incondicionalmente em todas as investigações; cooperar com a PF para analisar documentos e provas e reconhecer pessoas supostamente implicadas; entregar todos os documentos de que dispõe sobre a preparação do suposto golpe; indicar nomes e contatos para obtenção de novos elementos ou provas úteis/; afastar-se de toda e qualquer atividade criminosa; e comunicar imediatamente a PF se for contatado por algum investigado.
OS DENUNCIADOS
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Mauro Cid, foram denunciados pela PGR no episódio do 8 de janeiro os seguintes nomes:
Ailton Gonçalves Moraes Barros - Militar reformado e aliado muito próximo de Bolsonaro;
Alexandre Rodrigues Ramagem - Deputado federal, delegado da PF e ex-diretor geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
Almir Garnier Santos - Almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha no governo de Bolsonaro;
Anderson Gustavo Torres - Ex-ministro da Justiça do Governo Bolsonaro e ex-delegado da Polícia Federal;
Angelo Martins Denicoli - Major da reserva do Exército e diretor de monitoramento e avaliação do SUS no Governo Bolsonaro;
Augusto Heleno Ribeiro Pereira - General da reserva do Exército e ministro do Gabinete de Segurança Institucional no Governo Bolsonaro;
Bernardo Romão Correa Netto - Coronel que faria parte de grupo que buscou incitar golpe dentro das Forças Armadas;
Carlos Cesar Moretzsohn Rocha - Engenheiro formado pelo ITA e questionador contumaz da segurança das urnas eletrônicas;
Cleverson Ney Magalhães - Coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira - General da reserva e ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
Fabrício Moreira de Bastos - Coronel do Exército e suposto defensor do golpe junto à cúpula militar;
Filipe Garcia Martins Pereira - Ex-assessor da Presidência da República e suposto autor da minuta do golpe;
Fernando de Sousa Oliveira - Delegado da Polícia Federal e ex-diretor de Operações do Ministério da Justiça e Segurança Pública;
Giancarlo Gomes Rodrigues - Subtenente do Exército e suposto autor do monitoramento dos opositores;
Guilherme Marques de Almeida - Tenente-coronel do Exército e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia;
Hélio Ferreira Lima - Tenente-coronel do Exército e ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus;
Marcelo Araújo Bormevet - Policial federal e ex-comandante do Centro de Inteligência Nacional;
Marcelo Costa Câmara - Coronel da reserva e ex-assessor especial da Presidência da República, no gabinete de Bolsonaro;
Márcio Nunes de Resende Júnior - Coronel do Exército e membro de um grupo de WhatsApp integrado por oficiais das Forças Especiais;
Mário Fernandes - Suspeito de participar de um grupo que teria planejado as mortes de Lula, Alckmin e Moraes e ex-secretário -executivo da Secretaria-Geral da Presidência no Governo Bolsonaro;
Marília Ferreira de Alencar - Delegada da Polícia Federal e ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça;
Nilton Diniz Rodrigues - General do Exército suspeito de envolvimento na elaboração de planos que buscavam impedir a posse de Lula;
Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho - Empresário e neto do ex-presidente João Figueiredo e comentarista da rádio Jovem Pan de São Paulo;
Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira - Ex-ministro da Defesa, general da reserva e ex-comandante do Exército;
Rafael Martins de Oliveira -Tenente-coronel e integrante do grupo "kids pretos" que, segundo a PGR, atuou para tentar convencer o Alto Comando do Exército a impedir que Lula assumisse a presidência;
Reginaldo Vieira de Abreu - Coronel da reserva do Exército e ex-chefe de gabinete de Mario Fernandes, então secretário-executivo da Secretária-geral da Presidência da República;
Rodrigo Bezerra de Azevedo - Segundo a PGR, um dos responsáveis por liderar ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização do ministro Alexandre de Moraes;
Ronald Ferreira de Araújo Júnior - Tenente-coronel do Exército acusado de participar de discussões sobre minuta golpista;
Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros - Tenente-coronel e integrante do "Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral";
Silvinei Vasques - Ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal;
Walter Souza Braga Netto - General da reserva, ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022;
Wladimir Matos Soares - Policial federal que atuava na segurança do hotel onde o presidente Lula se hospedou durante a transição. (Fotos: Roberto Sugino/Ag. Senado)