Mas, quem eram os meliantes?
Parece piada, mas não é. Ao invés de rir, é para chorar - de raiva, claro. Uma das notícias de maior repercussão no último fim de semana, em todo o Paraná, foi a apreensão, em Cascavel, de quatro tratores que estavam sendo vendidos como novos e em ótimas condições, mas que na verdade haviam sido seriamente avariados pelas enchentes que destruíram parte do Rio Grande do Sul em abril e maio do ano passado.
A divulgação da descoberta foi ampla, mas não total, nem irrestrita. Sabe-se apenas que, por conta dos danos a eles causados pelo longo período que ficaram debaixo d’água, os referidos tratores haviam sido vendidos por uma seguradora a R$ 14 mil cada a uma empresa cascavelense para que deles fossem retiradas as peças não avariadas, mas esta decidiu vendê-los por R$ 430 mil cada.
O que ninguém soube, e nem ficará sabendo, é que empresa é essa, algo mais do que necessário para os agricultores da região saberem que lá não é um endereço seguro para adquirir o maquinário necessário à lida no campo, bem como para salvaguardar a imagem de outras que trabalham licitamente. Só foi divulgado, e meio a fórceps, que se trata de uma empresa localizada no Bairro São Cristóvão.
E por que isso ocorre? Saiba o leitor que este não é um caso pontual, ao contrário, é praxe desde janeiro de 2020, quando entrou em vigor a Nova Lei de Abuso de Autoridade, ironicamente proposta com a alegação de que era necessário proteger as vítimas da exposição pública desmedida, mas que, ao contrário, só tem sido eficiente para proteger "os fora da lei", um roteiro transferido das telas de cinema de mais de 100 anos atrás para a realidade de hoje em dia e que tem levado autoridades, tribunais e organizações policiais a não fornecerem mais à imprensa os nomes dos protagonistas do crime. (Foto: Divulgação Polícia Civil)