Democracia ou autoritarismo?
É fake a notícia que voltou a circular há alguns dias nas redes sociais dizendo que Mary Anne, a mãe de Donald Trump, chamou o filho de "idiota" e disse que ele seria um desastre na política.
Mas não é fake e sim um fato preocupante a notícia de que o Governo dos EUA demitiu nesta segunda-feira (27) mais de uma dezena de promotores que investigaram e abriram dois processos criminais contra o atual presidente durante seu primeiro mandato.
As ações em pauta acusam Trump de reter ilegalmente documentos sigilosos após deixar o governo e de tentar interferir na certificação da vitória de Joe Biden em 2020, e foram dadas por encerradas num canetaço do Departamento de Justiça - tal qual nosso STF fez com os processos da Lava Jato envolvendo Lula e outros atores políticos brasileiros.
E vale lembrar que, antes disso, Trump já havia cumprido promessa de campanha e perdoado via decreto cerca de 1.500 presos pela invasão violenta ao Capitólio, em janeiro de 2021, em uma tentativa vã de impedir o Congresso de homologar a vitória de Joe Biden e que terminou com quatro mortos e centenas de feridos.
Tais fatos, na avaliação de analistas mais reflexivos, sugerem que a democracia da maior potência mundial corre risco de colapsar de vez. E dentre esses analistas está Steven Lavitsky, da Universidade de Harvard, para quem a invasão do Capitólio foi uma "tentativa de autogolpe" de Trump e na eleição recente a maioria do eleitorado americano decidiu que "o preço dos ovos importa mais que a invasão do Capitólio".
Levitsky, aliás, foi além, dizendo os Estados Unidos já vivem há bom tempo um "regime autoritário competitivo", não uma democracia. (Foto: Getty images)