Um esforço (quase) em vão
Em tom nítido de orgulho, o deputado Luiz Claudio Romanelli deu grande ênfase à decisão do Conselho Estadual do Trabalho, Emprego e Renda de elevar os valores do piso regional estadual (o salário mínimo paranaense) para R$ 1.984,00 aos trabalhadores da agricultura, pecuária, comércio e empregados domésticos, R$ 2.123,00 para os trabalhadores da indústria e R$ 2.275,00 para os técnicos de nível médio.
"Eu trabalhei na definição da política do piso regional e desde 2006, inclusive do período em que fui secretário do Trabalho entre 2011 e 2014, tenho um compromisso com os resultados desta política salarial que pode atender até 1,5 milhão de trabalhadores. Continuamos com o maior salário mínimo do Brasil", disse o parlamentar. "É um reajuste de 6,8%, praticamente 2% de reajuste real em relação à inflação. É um aumento importante porque valoriza o trabalhador", ressaltou.
Romanelli está coberto de razão, pois os novos números definidos falam por si só diante do novo salário mínimo nacional, fixado em R$ 1.518,00. Mas há de se colocar algo mais nessa prosa, pois nem mesmo esses novos valores do salário paranaense são capazes de motivar muitos trabalhadores a trocarem o Bolsa Família (que começou a fazer o primeiro pagamento do ano nesta segunda) por um emprego formal, como discorremos nesse mesmo espaço ainda na semana passada.
Mesmo com essa correção no mínimo regional, o Bolsa Família se mantém mais atrativo, pois hoje paga a 21,4 milhões de famílias brasileiras (mais de 600 mil paranaenses) até R$ 1.517,95. A conta é simples e o resultado é claro como a luz do sol: enquanto o programa nacional não tiver limite de duração - ou seja, enquanto continuar sendo pago por prazo indefinido -, a maioria esmagadora de seus beneficiários vai preferir permanecer curtindo a sombra do guarda-chuva do CadÚnico e fazer um ou dois bicos informais de poucas horas por semana a arranjar um emprego formal, trabalhar oito horas por dia e, às vezes, ter que aguentar o mau humor do chefe.
O remédio é bom, mas quando tomado demais pode até matar. (Foto: Divulgação Ipardes)