O Natal dos refugiados
J. J. Duran
A história do Natal é a história de uma mulher pobre, grávida de nove meses, e de seu marido, que são obrigados a deixar sua casa em Nazareth por exigência do governador romano de que todos os judeus fossem registrados em Belém, distante 45 quilômetros.
Quando chegam ao destino, não encontram hospedagem, e então ela, chamada Maria, dá à luz o menino Jesus em um estábulo.
Quando Herodes, em sua fúria demoníaca, ordena decapitar todas as crianças menores de dois anos nascidas em Belém e arredores, José, o marido, e Maria empreendem fuga levando o filho e, após longa viagem, se refugiam no Egito. Assim a história da humanidade registra o primeiro refugiado da nova humanidade.
A história do Natal dignificou a odisseia que foi essa viagem e deu passagem para que a Bíblia e os apóstolos escrevessem não para contar a grande virada da humanidade, mas sim para relatar o sofrimento de uma família de refugiados.
Transportando isso para nosso tempo, pode-se dizer que se o filho de Maria e José nascesse no mundo globalizado e de cruéis desigualdades de hoje, nasceria numa rua chamada "solidão".
No Sermão da Montanha o menino Jesus Cristo, já homem, disse: "Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus".
Compreendo isso perfeitamente, depois de ter passado 12 anos refugiado na Europa.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná