Os não eleitos
J. J. Duran
Passado o tumulto das paixões e superada a luta eleitoral, escrevo sobre aqueles homens e mulheres que, sem lograr êxito das urnas, viram frustrados os seus sonhos e sentiram o sabor amargo da derrota.
Frente ao revés, jamais devemos fazer um panegírico ou um réquiem, tampouco buscar culpados pelo insucesso eleitoral.
Com este breve e despretensioso artigo, desejo prestar uma homenagem a todos que, na fragilidade destes tempos conturbados, colocaram suas biografias (algumas fajutas, é verdade) para serem dissecadas pelo eleitorado.
Como jornalista e cidadão, sempre tive admiração e respeito por aqueles chamados equivocadamente de "derrotados" numa contenda democrática.
A política é impiedosa e enaltece os candidatos que, na fugaz derrota, não colocam em suas biografias denúncias vazias.
Aprendi que a derrota nas urnas é o fim somente de uma missão política, e que outras virão na sequência.
Mas sobraram palavras e faltou realidade a muitos que defenderam bandeiras difusas, ou um tanto histriônicas, na busca da conquista da confiança do eleitorado.
Por isso, é preciso ter sempre em mente que o verdadeiro homem público não se ensoberbece com o triunfo, mas também não se apequena com um revés momentâneo.
Os derrotados muitas vezes são os políticos que mais apontam com seus gestos para a sustentação do diálogo respeitoso em busca da conciliação social.
Um grande político certa vez me disse que "os não eleitos pelo povo sabem, na hora da falsa euforia de alguns e da solidão de outros, que sempre são merecedores de respeito aqueles que, durante a campanha, primaram pela autenticidade".
Ao fim de cada contenda eleitoral, borbulha no pensamento dos derrotados uma pergunta: "Onde eu errei?"
Você tem a resposta? (Foto: AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná