O cabaré e a Igreja de pouca fé
O fato não é exatamente novo, pois até já completou o primeiro aniversário, mas merece ser relembrando neste momento belicoso vivido pelo País especialmente no que tange à atuação de determinados "semideuses" da nossa Suprema Corte.
Em Aquiraz, cidade com pouco mais de 80 mil habitantes criada em 1699 e que chegou a ser capital do Ceará até 1926, uma conhecida empresária e cafetina local resolveu construir um anexo ao seu cabaré para ampliar o negócio e melhorar seu ganho.
Acontece que o endereço é bem próximo de um templo da Igreja Neopentecostal, que resolveu promover sessões de orações três vezes ao dia (de manhã, à tarde e à noite) com o intuito de impedir a expansão, que continuou mesmo assim. Mas a uma semana da inauguração um raio atingiu o cabaré e causou um incêndio que o destruiu por inteiro.
Indignada, a tal empresária ajuizou uma ação contra a referida igreja, envolvendo toda a congregação como responsável pelo incêndio através de uma provocada intervenção divina.
Durante a audiência de conciliação, um juiz da cidade não se fez de rogado e foi logo sentenciando: "Caso difícil de decidir, pois pelo que li nos autos, tem-se, de um lado, uma proprietária de puteiro que acredita firmemente no poder das orações e, de outro lado, uma Igreja inteira que nega que as orações tenham poder".