A moral em recessão?
J. J. Duran
A exaltação da liberdade sem fronteiras é uma das manifestações mais daninhas entronizada em muitos setores da sociedade. Poderíamos dizer que é um modo de atuar que, na prática, forma parte do ritual cotidiano de nossas vidas.
Na realidade, segundo destacados sociólogos contemporâneos, podemos manifestar que se trata de uma cultura decadente e cujos resultados, desagregadores, saltam aos olhos.
A degradação da família, o hedonismo envelhecedor e a perda de afetos sólidos, do amor verdadeiro, do trabalho gerador do bem estar e do esforço da aplicação dos ideais cristãos de servir e não ser servido formam o quadro de nossa contemporaneidade ruidosamente exaltada.
As miniguerras e a violência destruidora de vidas, lares e esperanças familiares mostram uma sociedade que vai sucumbindo frente aos avanços da teoria do consumismo e do individualismo.
Existe uma forte corrente social que identifica essa forma de viver como um tributo ao uso da liberdade que oferta o sistema e de um permissivismo conceitual que não reconhece responsabilidades.
Diante desse cenário, não é estranho que se postule o relativismo moral, a política hipócrita nos laudatórios de louvor aos cínicos pseudoespiritualistas junto com as novas virgens do farisaico julgamento do bem e do mal que proclamam falsas virtudes.
Neste quadrante tudo está permitido, já que a moral ditada por eles e elas fica em franca recessão.
Hoje estão juntos no escuro rincão da sala a Bíblia e o livro pornô e na cozinha a sacola de pão e os embrulhos de crack, enquanto os velhos pais "vigiam" a partir de um velho quadro fotográfico pendurado na parece.
São culpados por esse triste cenário todos aqueles que aceitam a tese de que a geração atual deve pagar pelos erros das gerações que a antecederam, como se a salvação não fosse individual.
O grande Discépolo, poeta imortal da velha Rua Corrientes, certa noite me disse: "Olha filho, a moral entrou em parafuso e levou de roldão a hipocrisia dos medíocres idos anos de 1940". (Foto: Reprodução)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná