"Foi a eleição mais fácil que venci", reconheceu Gumercindo Pereira, prefeito reeleito de Onça de Pitangui, pequena cidade do interior de Minas Gerais com pouco mais de 3 mil habitantes. Ele estava se referindo ao fato de ter passado a campanha toda sem falar com os eleitores.

Mas isso não foi uma estratégia e sim uma necessidade, ao contrário do que ocorreu com outros candidatos Brasil afora, que adotaram a estratégia que deu certo para Jair Bolsonaro em 2018, não indo a nenhum debate - como aconteceu em Cascavel, por exemplo, com o prefeito eleito Renato Silva. Gumercindo passou a campanha toda sem conseguir falar por um problema grave de saúde.

Diagnosticado com câncer nas cordas vocais ainda em 2020, quando conquistou seu primeiro mandato, ele passou aquela campanha toda em tratamento, mas conseguindo falar mesmo assim. Depois de 35 sessões de radioterapia, no entanto, o tumor voltou e o jeito foi fazer uma traqueostomia total, ou seja, a retirada completa da laringe.

Após ficar um ano sem poder falar, em abril de 2022 o prefeito de Onça de Pitangui passou por uma nova cirurgia para colocar uma prótese importada ligando a traqueia ao esôfago, mas que precisa ser trocada de uma a duas vezes por ano a um custo de aproximadamente R$ 9 mil a cada vez que isso é feito.

Em julho deste ano a prótese antiga já tinha perdido o prazo de validade e ele então se submeteu a uma nova troca, que desta vez não deu certo. "O aparelho não foi colocado direito. Fiquei sem falar durante toda a campanha for falta de agenda do médico para fazer uma nova troca", esclareceu ele, que espera resolver o problema para fazer o discurso de posse para mais quatro anos de mandato, em 1º de janeiro próximo. (Foto: Divulgação)