Mães afirmam que queda do avião da Voepass foi tragédia anunciada
Carlos Eduardo Palhares Machado, diretor do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, informou nesta terça-feira (8), durante audiência da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações relativas à tragédia de dois meses atrás envolvendo o voo entre Cascavel e Guarulhos, que a PF vai aprofundar as investigações para apurar se os pilotos que estavam na aeronave realmente não vinham enfrentando sobrecarga de trabalho.
"[A PF vai realizar a] análise das condições dos pilotos, se descansaram, se não descansaram, se a rotina estava em desacordo com as regulamentações, se eles foram submetidos a uma carga maior ou estresse de trabalho, isso tudo vai ser analisado", detalhou Palhares ao ser ouvido pela comissão, que deseja o esclarecimento completo das causas da tragédia de 9 de agosto passado com o avião da Voepass, que caiu em Vinhedo (SP) e deixou 62 mortos.
Convocada pelo presidente da comissão, deputado paulista Bruno Ganem, a audiência também contou com a participação de Rodrigo Borges Correia, delegado da PF e chefe do Serviço de Segurança Aeroportuária, e de ao menos duas mães de vítimas.
"Mataram os nossos filhos. [...] Quando chega no domingo é desesperador", afirmou Maria de Fátima, que perdeu a filha Arianne Estevam Risso. Já a jornalista cascavelense Adriana Ibba, mãe da garotinha Liz Ibba, de apenas 3 anos, afirmou que "não foi simplesmente um acidente, não foi uma fatalidade que pegou todos de surpresa. Foi sim uma tragédia anunciada".
A audiência também apurou que o laudo definitivo sobre as reais causas do acidente pode demorar até um ano.
OUTRO LADO
A empresa já havia garantido, por meio de nota oficial, que "ambos os pilotos estavam aptos para realizar o voo, com todas as certificações de pilotagem válidas e treinamentos atualizados". Já o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) tinha indicado, em seu relatório preliminar, que o piloto havia voado 59h nos últimos 30 dias e 2h36 nas 24 horas anteriores à tragédia. Já o copiloto havia votado 2h36 nos últimos 30 dias e a mesma quantidade de tempo nas 24 horas anteriores.
Mas vale lembrar que em junho, antes da tragédia, piloto Diogo da Luz havia relatado, durante audiência pública da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), que a empresa costumava impor a seus funcionários uma carga de trabalho exaustiva. Além disso, há outra denúncia em processo de investigação dando conta que ela, antes do acidente, havia operado de forma irregular no Aeroporto de Cascavel. (Foto: Reprodução)