O "venha a nós o vosso cobre" do Poder Judiciário brasileiro
Sobretudo em períodos pré-eleitorais como o que País está vivendo neste momento, os brasileiros costumam atirar nos políticos todas as pedras ao alcance de suas mãos, como se fossem eles a causa de todos os problemas, que vão da corrupção desenfreada que saqueia os cofres públicos à falta de trabalho para 27,6 milhões de pessoas conforme números revelados há 15 dias pelo IBGE.
Enquanto descarrega sua ira contra os poderes Executivo e Legislativo, a população, por absoluta desinformação, poupa solenemente o Judiciário, cujas mazelas pouco aparecem na mídia não só pela dificuldade de acesso às informações, mas também pela forma ameaçadora com que alguns "senhores da lei" agem para se proteger, como ocorreu em 2016 no Paraná, onde jornalistas da Gazeta do Povo tiveram que responder a mais de 40 ações judiciais por terem "ousado" revelar que alguns magistrados chegavam a ganhar R$ 500 mil anuais em salários.
INSACIÁVEIS
Pois saiba que as despesas do Poder Judiciário tiveram aumento real (acima da inflação) de 4,4% em 2017 na comparação com 2016, atingindo R$ 90,8 bilhões, conforme mostra o relatório "Justiça em Números - 2018", elaborado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e divulgado ontem (27).
Desse total, 90,5% (R$ 82,2 bilhões) foram usados para cobrir gastos com recursos humanos, ou seja, com salários. Outros 6,8% (R$ 5,6 bilhões) foram devorados pela rubrica benefícios, como o injustificável auxílio moradia, que, diga-se de passagem, também é pago aos políticos que exercem mandatos em Brasília.
Mesmo assim, os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) aprovaram neste mês uma proposta orçamentária para 2019 que prevê reajuste em seus salários de 16,38%. Se aprovada pelo Congresso, a proposta desencadeará o chamado "efeito cascata" e beneficiará não só as diferentes categorias da magistratura, mas também os políticos em todos os níveis, dos vereadores ao presidente da República. (Foto: Arquivo STF)