Sua majestade o silêncio
J. J. Duran
É preciso compreender o passado, mas com a visão no futuro. Estamos assistindo, na plenitude da campanha eleitoral paroquial, a fervorosos discursos eivados de promessas e ataques "ligth" entre os diferentes candidatos.
São sincréticos de carteirinha os pretendentes a ocupar os gabinetes mais importantes do poder paroquial e sinecuristas reconhecidos os pretendentes a ocupar as cadeiras no chamado laboratório da democracia, que é o Poder Legislativo.
Candidatos a prefeitos e vereador ofertam sua vida política com as melhores e mais valiosas propostas econômicas e sociais esperadas - às vezes há décadas - pelo homem cinza da rua.
Chegam a emocionar aos menos atentos determinados discursos de renúncia, sacrifício pessoal e familiar daqueles que vão às ruas dizendo-se defensores da ética, da transparência e da pureza, numa espécie de cruzada reivindicatória pelo resgate das alegrias perdidas e da credibilidade roubada pelos fatos do quotidiano.
Os velhos líderes políticos da ex-pacata aldeia foram morrendo ou se aposentando e os novos, por mais bem intencionados e esforçados na defesa dos interesses da coletividade, foram deixando amplos espaços em branco na confrontação com o passado.
O cretinismo que rodeia muitas figuras políticas converteu as instituições republicanas em corporações de albergues familiares.
A baixa alternância no poder de partidos políticos e líderes com ideias renovadoras palatáveis produziu no eleitorado uma longa sonolência, resultado que deve ser atribuído também à manipulação de opositores ao poder governante.
Temos um cenário de pacificação entre situação e oposição, e pelos nomes colocados no menu eleitoral os futuros governantes e governados seguirão sendo, acima dos interesses partidários, velhos amigos ou tertulianos do fim de semana nas marinas.
Saibamos votar, pois nem sempre o silêncio é a melhor solução. (Imagem: TRE-MS)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná