Cenipa não desvenda causas da tragédia com o avião da Voepass
Um misto de alívio e, ao mesmo tempo, de frustração tomou conta de familiares das vítimas e da imprensa, que aguardavam com grande expectativa a divulgação do relatório preliminar sobre as causas da tragédia com o avião da Voepass, que partiu de Cascavel rumo a Guarulhos e caiu em Vinhedo (SP), matando todos os 58 passageiros e quatro tripulantes.
Apresentadas na tarde desta sexta-feira (6) pelo Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), vinculado à FAB, as conclusões preliminares não clarearam muita coisa. "A equipe de investigação analisou os registros técnicos nos dias anteriores ao acidente e verificou que estavam atualizados, segundo os registros", disse o tenente-coronel Paulo Mendes Fróes, chefe do Cenipa, ressaltando que a aeronave era certificada para voos em condições de gelo e estava "aeronavegável".
Ainda de acordo com o relatório, os pilotos também tinham treinamento específico para voos em condições de gelo realizado em simuladores, e era previsto que o avião enfrentaria zona de formação de gelo em sua rota, pois isso estava na previsão meteorológica. Segundo cogitações de especialistas logo após o acidente, essa poderia ter sido a causa da queda. "É possível que a formação de gelo tenha contribuído, mas não seja a causa do acidente. Não podemos descartar nada, pode ser até que tenha acontecido falha no motor", disse o perito aeronáutico Daniel Kalazans
O relatório aponta, ainda, que nos registros de manutenção que antecederam a decolagem do dia 9 de agosto tinha o item Pack de número 1 inoperante. Isso indicava um pequeno problema no sistema de pressurização e climatização da aeronave, mas nada que justificasse a queda. Em situações desse tipo o voo deve atingir no máximo 17 mil pés, o que, ainda segundo o Cenipa, efetivamente ocorreu.
De acordo com o brigadeiro Moreno, o relatório elaborado não visa apontar culpados ou imputar responsabilidade criminal. "Os dados aqui apresentados são do que aconteceu nesse acidente. Não vamos entrar na esfera do por que aconteceu e como aconteceu. Somente dados factuais", reforçou o tenente coronel Paulo Mendes Fróes, que comandou a investigação.
Antes de ser levado ao conhecimento da imprensa, o relatório foi apresentado a cerca de 70 pessoas, entre familiares e advogados das vítimas. E vale lembrar que está em curso também uma investigação da Polícia Federal sobre o acidente. (Foto: Reprodução)