O espetáculo tem que continuar
J. J. Duran
"Não há lugar mais inseguro do que o lugar onde você se acha seguro", diz um velho ditado latino.
Isso ajuda a explicar porque hoje, um tempo em que se entoam loas para os discursos retóricos, não vemos que estamos apoiando a retórica do ódio e da violência acusatória com ar primitivista.
Os mensageiros libertários do histrionismo que cada um guarda no coração têm uma temível corte de aduladores, sem pensamento próprio, que se juntam ao líder e acabam se transformando numa espécie de viúvas do sentimento fraterno.
A terrível retórica desses líderes, que normalmente andam com uma Bíblia em mãos, prognostica o fogo do inferno para os pecadores impudicos, pois não têm prólogo, tampouco uma folha onde esteja escrito o vocábulo FIM.
O vociferar em recintos fechados, onde o discurso acusatório parece libertar pecadores e castigar infiéis, os torna uma elite entre ignorantes de cultura e política que se escondem atrás de frases inconclusas, frutos espartanos de suas mentes escuras.
A escritora Simone de Beauvoir disse certa vez, no seu apartamento na Avenida Champs Eliysees, que "a retórica dos cínicos se espalha como fogo destruidor nas folhas murchas espalhadas pelo chão".
Os propagadores do ódio, ferventes adoradores da elite do atraso, marcam a realidade do seu pensamento se posicionando contra a verdade.
Vivemos um tempo de convivências impensáveis fora do tempo eleitoral, um tempo no qual o compadrio substitui a verdade em escuros conchavos sociopolíticos.
Vivemos um tempo no qual falsos valores morais são colocados na porta da vivenda para marcar onde moram os "verdadeiros" acólitos do ódio, gestores de todas as injustiças sociais que hoje colocam o fogo do ressentimento em muitos corações.
A convivência quase nojenta em tempos eleitorais, entre homens cívicos e salteadores do erário, faz o eleitor refletir sobre o verdadeiro valor do seu voto.
Devemos manter os olhos bem abertos para encontrar homens e mulheres realmente movidos pelo espírito público e que merecem o nosso voto.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná