Quando é permitido pegar carona
"Em política vale tudo, só não vale perder", costumam pregar políticos que praticam a chamada "ética à brasileira", que de ético nada tem. Mas há - não só na política, como também nos segmentos artístico e esportivo, principalmente - alguns pequenos atrevimentos que embaçam a originalidade, mas não chegam a empanar a ética ultimamente tão em desuso na vida pública.
Refiro-me aos pseudônimos usados por candidatos com a intenção de ganhar mais facilmente a popularidade necessária junto ao eleitorado para lograr êxito nas urnas.
De acordo com o banco de dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), dentre os mais de 33 mil candidatos às eleições municipais deste ano há 162 que utilizam o nome do presidente Lula e outros 75 que usam o nome do ex-presidente Bolsonaro. No caso de Lula, 153 concorrem a vereador, seis a prefeito e três a vice-prefeito. E no caso de Bolsonaro, 71 concorrem a vereador, dois a prefeito e outros dois a vice-prefeito.
Entre os 162 candidatos que utilizam o nome de Lula, 88% são homens, 12% são mulheres e estão distribuídos em 24 diferentes partidos. Só no PT há 30, no PP há 17 e no MDB há 13. O que mais chama atenção, no entanto, é que outros dez que usarão o nome de Lula na urna são filiados ao PL de Bolsonaro. Em tempo: os "Lulas" são predominantes do Nordeste, onde há 35 na Bahia e 22 em Pernambuco, terra natal do atual presidente.
Já entre os 75 candidatos que utilizam o nome do ex-presidente, a maioria é do Centro-Sul e apenas sete têm realmente Bolsonaro no registro de nascimento, 54 são homens e 21 são mulheres. Desses candidatos todos, 39 são filiados ao PL, seis ao Agir e cinco ao Republicanos. Os demais estão distribuídos em diferentes partidos, incluindo o Progressistas, que tem em Cascavel o candidato a vereador Léo Bolsonaro. Trata-se de um sobrinho do ex-presidente vindo há poucos meses do Distrito Federal e que "emprestou" o sobrenome do tio.
E para encerrar, mais uma curiosidade interessante: há, no Brasil todo, 222 candidatos originários de outros 46 países, parte filhos de brasileiros nascidos fora do País, parte estrangeiros naturalizados brasileiros. (Fotos: Marcos Corrêa e Ricardo Stuckert/PR)