O horário do Mágico de Oz
J. J. Duran
Em muitos países desta indo-América degradada e adormecida, onde ainda impera uma simulação de democracia, o homem comum é mantido afastado dos processos decisórios da vida republicana.
Os partidos políticos e seus "donos" foram desvirtuando a democracia, até convertê-la num vulgar arlequim da oligocracia partidária.
Os não anestesiados pelo novo discurso dos apologistas da ultradireita parecem gritar em tão baixa voz que não conseguem se fazer ouvir por uma cidadania alienada e confusa na hora da aparição dos sorridentes mercadores de Oz.
Essa parcela, com boa culpa pelo aparecimento do quadro político dos ululantes prometedores do novo tempo político, ao abraçá-los abre amplas portas para a passagem da polarização política, na qual a elite do atraso chega ao Parlamento na carona de extremistas e cambaleantes ideologias.
O insigne socialista José Ingenieros comentava nas salas universitárias da Faculdade de Buenos Aires, no começo do século XX, que "a hipocrisia é a arte política de amordaçar a dignidade republicana".
Os hipócritas, defensores incondicionais do autoritarismo raivoso que emudece escrúpulos, assumiram com sua vulgaridade o comando de várias nações, deixando como herança a destruição do sistema democrático.
De dois em dois ou de quatro em quatro anos os prometedores do milagre da ressurreição da justiça social, das múltiplas creches, da saúde pública de qualidade e da tão sonhada casa própria saem da covardia dos gabinetes para apresentar um festival de outras promessas em troca do voto do eleitor incauto.
Os valores morais e republicanos de toda uma geração de lutadores pela democracia e respeitosa liberdade de usar um meio de comunicação para expor e debater ideias foram substituídos por um amontoado de figuras caricatas, vulgares e charlatãs, que vendem suas fracassadas propostas como se fossem um novo maná caído do céu.
O horário político vem aí e com ele o livre desfilar do cinismo cívico. Salve-se quem conseguir apagar essas mentiras republicanas...
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná