O crepúsculo dos ídolos
J. J. Duran
"O homem não é nada. A obra é tudo" - Nietzsche.
Existem discursos de determinados homens públicos que passam aos ouvintes uma sensação de vazio superior ao silêncio. Para os mais atentos, as palavras desses mercadores da mentira não passam de blá-blá-blá.
O livro "As palavras e as coisas", de Michel Voucault, mostra que certos políticos revelam sua verdadeira face ao se dirigirem à plateia. É a mostra inequívoca da relação distante que eles mantêm com o eleitorado no curso de seus mandatos.
No Brasil, a grande massa eleitoral se aproxima deste vindouro outubro eleitoral com um grande acúmulo de fracassos produzidos pela frustração de ter sido enganada por acreditar em palavras e não em verdades que não foram ditas.
Vê-se com tristeza como novas listas fantasiosas são apresentadas, como bem dizia o saudoso Tancredo Neves ao se referir às nominadas de candidatos encabeçadas por paraquedistas impostos pelos conchavos. Essa manobra dispensa a imprescindível consulta prévia e democrática às bases e faz com que os escolhidos sejam os "donos" dos partidos.
A História é a mãe de todas as ciências. Nasceu junto com o homem, é a memória guardada desde Adão até Temer e mostra que a experiência na política é resultante do acúmulo de êxitos e frustrações.
Pois essa história é que hoje muitos marqueteiros tentam esconder ao escrever novas biografias para viabilizar eleitoralmente políticos que trilharam uma trajetória decepcionante em sua passagem pela vida pública.
A reaparição de políticos desse tipo em cada nova campanha reaviva na mente dos eleitores fatos graves ocorridos sob o manto da impunidade que blinda os mandatos. São figuras cujo verdadeiro histórico levou à falência os valores éticos e a sua credibilidade.
Mas é importante lembrar que a maioria dos eleitores está atenta como nunca e não se deixa mais seduzir pelo conto das galinhas dos ovos de ouro.
J. J. Duran é jornalista e membro da Academia Cascavelense de Letras