Serviço público brasileiro produz uma enorme casta de privilegiados
Mesmo com a persistência dos índices de desemprego no país, uma classe de privilegiados segue inatingida, com rendimento médio até quatro vezes maior do que o de outros trabalhadores. São os servidores públicos, que somam 12 de cada 100 trabalhadores brasileiros e 2,2 milhões apenas no âmbito federal. Segundo dados do IBGE, compilados pela Instituição Fiscal Independente do Senado, o rendimento médio salarial no setor público é de R$ 3.476,00 mensais, mais alto do que todos os outros grupos de trabalhadores analisados.
Segundo reportagem da jornalista Flávia Pierry na Gazeta do Povo, quando comparado ao trabalhador do setor privado com carteira assinada, o funcionalismo tem salários médios reais 65% maiores. Mas a pesquisa mostra que o maior abismo salarial se dá na comparação dos salários do setor público com os dos trabalhadores domésticos no país. O rendimento médio de um trabalhador doméstico não chega a um salário mínimo, ficando em R$ 873,00 ao mês, um quarto do rendimento médio do funcionalismo.
Já os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada têm rendimentos médios 2,6 vezes menores do que os do setor público (R$ 1.313,00). Já aqueles que trabalham por conta própria tiveram salários 2,2 vezes inferiores aos do setor público (R$ 1.610,00).
Outro dado da pesquisa mostra que os salários no funcionalismo também cresceram mais que quase todos os grupos de trabalhadores pesquisados no levantamento da IFI. Em 12 meses até junho deste ano, o rendimento médio do setor público cresceu em média 1,2%, em termos reais (descontando a inflação). Trabalhadores sem carteira assinada tiveram aumentos reais de 0,3%. Entre os trabalhadores que atuam por conta própria a elevação salarial média foi de 0,6% em um ano, enquanto os trabalhadores domésticos tiveram reajustes de 1%. No setor privado com carteira ocorreu elevação maior do que no funcionalismo, de 1,7%.
INCHAÇO
Além de salários muito acima da média do setor privado, o setor público padece de um exagero no número de servidores. Só no âmbito federal houve um acréscimo de 250 mil ao longo dos últimos dez anos, sem que isso representasse qualquer melhoria nos serviços prestados à população, muito pelo contrário.
Os servidores públicos federais formam "a elite do Brasil" e estão nas camadas mais ricas da população, reconheceu o próprio Ministério do Planejamento, responsável pela administração da folha de pagamento.