Inventário fará raio-X da fauna e da flora das margens de Itaipu
Itaipu e Embrapa iniciaram nesta semana levantamentos de campo para a elaboração do inventário da fauna e da flora da faixa de proteção do reservatório da usina. O trabalho vai abranger cerca de 30 mil hectares de mata ciliar, na margem brasileira da usina, entre Foz do Iguaçu e Guaíra.
O objetivo é avaliar o grau de conservação, a conectividade e a diversidade arbórea da faixa de proteção. A pesquisa é coordenada pela Embrapa Florestas, com participação da Embrapa Instrumentação, e prevê investimentos de R$ 20,6 milhões em cinco anos. De acordo com Itaipu, será o mais completo inventário florestal já realizado por uma usina hidrelétrica no Brasil.
"A faixa de proteção é um patrimônio ambiental e conhecê-la em detalhes nos ajuda a definir estratégias de gestão e de melhoria contínua dessa vegetação. Ajuda também a compreender como a comunidade pode se beneficiar por meio dos serviços ecossistêmicos que essa vegetação oferece", explica o gestor do convênio pela Itaipu, Luís Cesar Rodrigues da Silva.
A primeira fase da pesquisa começou em março, com visitas exploratórias e entrevistas. Para a fase atual, com duração de cinco meses, os pesquisadores delimitaram 400 "parcelas", termo utilizado para designar as áreas de coleta ao longo da faixa de proteção. Será instalado um conjunto de três parcelas a cada dez quilômetros, separadas por no mínimo 30 metros de distância umas das outras.
Inicialmente, estão sendo coletadas informações sobre a vegetação arbórea, como o número de indivíduos, as dimensões das árvores, a necromassa (biomassa morta do solo), dados indicativos da capacidade de regeneração florestal, entre outros. Amostras de galhos, folhas, flores e frutos recolhidos serão encaminhados para dois herbários parceiros do projeto para posterior identificação e catalogação de espécies.
Nas fases seguintes, os dados levantados serão sobre a fauna, a diversidade genética, a atividade enzimática do solo, a abundância de minhocas, a diversidade de plantas epífitas, como por exemplo bromélias e orquídeas, e a ciclagem de nutrientes na floresta, que funcionam como indicadores da qualidade ambiental da floresta.
Em 10% das parcelas também será feito um monitoramento aéreo, com o uso de drones equipados com tecnologias como escaneamento a laser. Todos os dados serão processados, ao final do trabalho, para que os pesquisadores tenham uma radiografia completa da área analisada.
A faixa de proteção da usina de Itaipu tem uma extensão de 170 quilômetros, em linha reta, entre Foz do Iguaçu e Guaíra. Entretanto, ao considerar a sinuosidade das margens do reservatório, são 1,4 mil quilômetros, com largura média de 200 metros, que passam por 15 municípios do Oeste do Paraná. (Foto: Divulgação)