O estrangeiro na política atual
J. J. Duran
Escrevo já de longa data sobre a ruidosa apologia que fazem os novos líderes políticos indo-americanos e sobre os múltiplos tratados que só servem para mostrar, quase sempre, o apetite que esses mandatários têm com a intenção de figurar a nível internacional, ou simplesmente correndo atrás de um prêmio de valor para enriquecer seus currículos.
É lamentável que o cidadão simples não possa se beneficiar desses laudatórios intentos de mostrar o grau internacional que têm muitos dos novos líderes, como o histriônico presidente argentino ou o violento ex-chofer de ônibus da Venezuela.
As reclamações sobre o direito de viver não são iguais aos acordos por eles estabelecidos, pois a fome, a violência e as guerras exterminadoras de crianças e mulheres se expandem sem aviso prévio e sem protocolos.
Não importa que este escriba tenha chegado ao Brasil fraterno trazido pelos desencontros políticos e com cansaço que o homem traz desde o tempo que não existiam fronteiras, apenas a brutalidade dos tiranos.
Sempre existe o soberbo, que não pensa na desgarradora despedida da família, pois quando não há possibilidade de retorno murcham até os quadros familiares, deixando o estrangeiro solitário no centro de uma paisagem que nem sempre é a do abraço.
Um dia tive que partir da europeizada Buenos Aires em uma despedida cheia de lágrimas e hoje estou junto a quase duas dezenas de vítimas do abandono dos seres mandantes e de suas políticas nada cristãs, que se tornaram meus filhos e ganharam um lar para se abrigar, apesar da insensatez de muitos daqueles que são "os que mandam".
São todos seres invisíveis ao olhar dos muitos culpados pelos desastres sociais que viveu e vive a indo-América, minha e sua.
Que as pessoas de cérebro minúsculo não me chamem mais de estrangeiro, apenas de um simples ancião, sem riquezas materiais, mas com muito amor e respeito por aqueles que não me deixam fora do elevador do edifício onde moro como mostra de repulsa. (Foto: Marcelo Camargo/AGBR)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná