Dispara número de idosos mortos por quedas em casa
De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 60 idosos brasileiros procuram atendimento hospitalar todos os dias após serem vítimas de quedas, a maioria esmagadora dentro da própria casa, e 19 deles vêm a óbito dias, semanas ou meses depois. O número de mortes de pessoas acima de 65 anos por esse tipo de causa quase dobrou entre 2013 e 2022, chegando a nada menos que 70.516.
Esse tema voltou à baila neste dia 24 de junho justamente por ter sido escolhida pela Organização Mundial da Saúde como Dia Mundial de Prevenção de Quedas de Idosos, o que ensejou reportagens especiais de diferentes veículos de comunicação sobre os graves riscos dos acidentes nessa faixa etária.
"Diversos fatores podem causar o aumento de quedas entre os idosos, como a fraqueza e perda muscular do corpo, efeitos colaterais de alguns remédios, perda de sensibilidade por distúrbios neurológicos, além de doenças ortopédicas ou prejuízo dos sentidos de visão e audição", explicou à Agência Brasil o presidente da Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.
Apesar de os acidentes domésticos serem comuns e poderem afetar pessoas de qualquer idade, a Sociedade Brasileira do Trauma Ortopédico ressalta que, durante o período de envelhecimento, as quedas, principalmente, as que acontecem dentro de casa, são mais regulares e perigosas e podem causar sequelas dolorosas e permanentes.
"A recuperação de idosos não é simples. Uma fratura geralmente precisa de intervenção cirúrgica ou de períodos prolongados de imobilizações, isso porque, os ossos não são tão saudáveis quanto ossos jovens, além da falta de força muscular nessa idade. Fraturas no fêmur, coluna vertebral e bacia podem diminuir a mobilidade de um idoso, além de necessitar de fisioterapia intensa para a recuperação", ressalta o ortopedista.
PREVENÇÃO
Para prevenir as quedas, o médico recomenda uma abordagem multidisciplinar, partindo da avaliação clínica do idoso e de acompanhamento médico para identificar possíveis condições de saúde que aumentem o risco de queda. Entre essas condições estão problemas cardiovasculares, neurológicos e musculoesqueléticos. É importante ainda que o idoso faça atividade física regular, com exercícios específicos para melhorar a força muscular, fortalecer e trazer mais equilíbrio, reduzindo o risco de quedas. Além disso, recomenda-se uma dieta balanceada para manter a saúde óssea e muscular, prevenindo fraquezas, que podem ocasionar as quedas.
A remoção de obstáculos, instalação de barras de apoio em banheiros e melhorias na iluminação também são úteis para evitar acidentes domésticos. "Os idosos têm que se adaptar às limitações da idade. Eles devem, além de modificar suas casas, evitar roupas que podem enroscar em seus pés e aderir ao uso de sapatos bem ajustados, de preferência fechados e com solados antiderrapantes e de borracha. Há diversas recomendações para que familiares auxiliem a pensar uma casa e rotina mais segura para o idoso", aconselha Marcelo Tadeu Caieiro.
É preciso ainda evitar tapetes soltos pela casa, ter corrimão dos dois lados das escadas e corredores, colocar tapete antiderrapante nos banheiros, evitar andar em áreas com piso molhado, evitar encerar a casa, evitar móveis e objetos espalhados pela casa ou em corredores de circulação e deixar uma luz acesa à noite para o caso de precisar levantar da cama. Também é importante o idoso esperar que o ônibus pare completamente antes de subir no veículo ou descer; utilizar sempre a faixa de pedestres ao atravessar as ruas; e, se necessário, usar bengalas, muletas ou instrumentos de apoio. (Foto: Divulgação Unimed)