Escolas ou campos de batalha?
Falta de investimento em educação, desigualdade social, falta de estrutura física nas escolas, bullying, consumo de drogas e influência da mídia (parte dela, claro) são motivos citados em dez entre dez artigos e comentários que se lê, sobretudo nas redes sociais, sobre a violência no âmbito escolar, que tem alcançado níveis altamente preocupantes Brasil afora.
Mas há uma causa ainda mais importante para explicar tal cenário e que nem sempre é levada em consideração. Falo da ausência de valores éticos e morais da parte de muitos da sociedade em geral e, neste caso, de parte do conjunto da comunidade escolar, ou seja, de educadores e alunos.
"Estou farto de ser desrespeitado por bandidos mirins dentro da sala de aula, sem que a direção da escola adote as medidas cabíveis", queixou-se para mim um irmão professor poucos meses antes de se suicidar ao fim de mais uma manhã extenuante em sala de aula.
E esse testemunho não é recente, pois ocorreu há mais de dez anos, o que significa que já faz tempo que a disciplina deixou de ser tratada verdadeiramente como prioridade no âmbito escolar.
O episódio da semana passada na pequena cidade paranaense de São Tomé, onde um aluno usou a técnica marcial do enforcamento para agredir o professor, e cujas imagens rodaram o mundo, é apenas mais um dentre tantos acontecimentos nas nossas escolas que já não surpreendem mais a ninguém.
Por fim, devo registrar que o que mais chama atenção não é nem mais esse o fato em si, uma vez que a violência está banalizada em todos os locais, incluindo a escola, mas a indiferença de entidades representativas como a APP Sindicato, que mobilizou um verdadeiro exército dias atrás para invadir mais uma vez a Assembleia Legislativa, no entanto quase nada tem feito para proteger os professores verdadeiros, aqueles que costumam justificar seus salários em sala de aula, não em protestos violentos. (Foto: Reprodução redes sociais)