Pai nosso...
J. J. Duran
...Que estais no Céu, desça urgentemente ao coração dos homens da terra e volte a predicar - descalço, sem palácios e sem joias - a paz neste vale de violência.
Que todos santifiquem teu nome, fazendo da fraternidade um culto de convívio entre árabes e judeus, brancos e negros, ricos e pobres, para podermos voltar a celebrar o grande direito humano, que é o de viver em paz.
Venha a nós o teu reino edificado sobre o perdão do calvário, onde fostes pendurado por tua mensagem de amor, igualdade e fraternidade.
Que seja feita vossa vontade pregada até aquele momento de angústia e abandono, pedindo perdão para seus carrascos.
Que não falte o pão na mesa dos miseráveis, para que novamente teu milagre da multiplicação seja a solução ao drama dos famintos de pão e justiça social.
Ensina governantes e governados a perdoar, dialogar, ter humildade, amar as crianças, respeitar os velhos, enfim, a fazer do amor à pátria um culto cívico.
Perdoa nossas ofensas, que estão fazendo desta humanidade um culto à violência irracional e da impunidade um dogma.
Perdoai-nos por não sabermos perdoar, apenas ofender com sorrisos hipócritas e depreciativos.
Não deixeis, Pai, o mal se precipitar sobre este mundo globalizado - que se diz capitalista, socialista, democrático, militarizado, católico, evangélico, judeu, muçulmano e até ateu - e a provocar cotidianamente a morte de inocentes depositados em valas comuns por um dia terem acreditado na palavra "irmão".
Perdoe-me por escrever-te esta coluna sabática, mas penso que também estás descrente naqueles governantes que insistem em praticar a indignidade humana e o extremismo feroz.
Sei que alguém poderá escandalizar-se com esta intimidade, mas insisto: estou velho, doente, pobre e solitário numa terra onde coloquei toda minha fé e meu amor a serviço da ajuda dos necessitados.
Amém.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário de Cascavel e do Paraná