Principal hidrelétrica do mundo completa 50 anos
Em 17 de maio de 1974 eram empossados o Conselho de Administração e a Diretoria Executiva da Itaipu, com formação semelhante nos dois lados: o brasileiro e o paraguaio. A solenidade aconteceu no Hotel das Cataratas, instalado dentro do Parque Nacional do Iguaçu, e está completando hoje exatamente 50 anos.
Isso significa que a usina que tornou o Oeste do Paraná ainda mais conhecido mundialmente, e desde sempre uma referência internacional em hidreletricidade sustentável e integração entre dois povos e na engenharia moderna, está completando meio século de existência. A geração de energia propriamente dita completou 40 anos no último dia 5 de maio.
"Itaipu é um sonho de integração que se tornou realidade. Pelo empenho de brasileiros e paraguaios, ela fornece energia, move dois países e cuida da natureza e das pessoas de sua área de influência como nenhuma outra no mundo. Há meio século, é um exemplo de que isso é possível", destaca o diretor geral Enio Verri, que ontem participou, em Brasília, de uma sessão solene da Câmara alusiva à data.
AS OBRAS
Naquele mesmo 1974, enquanto era processada a concorrência das empreiteiras que iriam executar as obras civis de Itaipu, pequenas firmas eram preparadas para fazer as obras viárias de acesso à futura usina, além de vilas residenciais e toda a infraestrutura de assistência escolar e de saúde, entre outras necessidades básicas. Paralelamente, eram adquiridos no exterior equipamentos de construção não existentes no Brasil e no Paraguai à época.
O plano previa a construção de 8 mil casas para os trabalhadores, 4 mil na margem esquerda, em Foz do Iguaçu, e 4 mil na margem direita, nas cidades paraguaias de Porto Presidente Stroessner (hoje Ciudad del Este), Hernandarias e Porto Presidente Franco.
No segundo semestre daquele ano foi construído um acampamento pioneiro na área da futura usina, com as primeiras edificações para escritório, almoxarifado, refeitório, alojamento dos trabalhadores e posto de combustíveis. Tudo começava a ser preparado para a leva de trabalhadores que viriam a ser contratados pelos consórcios de empresas responsáveis pelas obras civis e pela fabricação e montagem dos equipamentos da usina.
Verdadeiros conglomerados de empresas seriam os grandes empregadores durante a construção da usina, que mobilizaria milhares de trabalhadores do Brasil e do Paraguai, atraídos pelas notícias de que as obras gerariam empregos em abundância pelos próximos anos. O consórcio Unicon, por exemplo, chegou a contratar mensalmente, em média, mais de 5 mil trabalhadores, entre o final da década de 1970 e o início dos anos 1980, quando as obras chegavam a seu pico.
Em determinado momento, no ritmo de construção cada vez mais frenético, Itaipu chegou a abrigar em seu canteiro cerca de 40 mil trabalhadores, mais do que toda a população de Foz do Iguaçu da época. Mas a cidade se expandia também rapidamente. A população passou de 28.597 habitantes, em 1974, para 112.594, em 1985, conforme dados do Ipardes.
RECONHECIMENTO
Desde que passou a gerar energia, Itaipu tornou-se fundamental para o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai. Mas, a par da produção, que chegou a bater sucessivos recordes mundiais, a usina ganhou o reconhecimento e respeito público, no Brasil e no exterior, por suas práticas sociais e ambientais.
Entre os reconhecimentos internacionais recebidos pela usina estão: o prêmio pela melhor prática de gestão de água do mundo, intitulado Água para a Vida, da ONU; o título de Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, concedido pela Unesco; o primeiro lugar no Benchmarking Brasil com o programa Plantas Medicinais; Prêmio Eco Sustentabilidade, da Amcham Brasil; Childhood Brasil, pelo combate à exploração de menores; Business for Peace Award, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento; Prêmio Pintou Limpeza, pela responsabilidade socioambiental; Americas Award, pela sustentabilidade ambiental; Prêmio ANA, da Agência Nacional de Águas; e o Clean Tech & New Energy, concedido pelo The New Economy. (Foto: Alexandre Marchetti/Itaipu)