A morte de Ayrton Senna: três décadas de impunidade
Acidentar-se era algo corriqueiro para Ayrton Senna. Afinal, quem desafiava a velocidade como ele estava sempre sujeito a imprevistos desse tipo. Mas aquela manhã de 1º de maio de 1994, para os brasileiros um dia aguardado com grande expectativa por conta justamente da Fórmula 1, não foi e nem será corriqueira, jamais.
Essa data, transcorrida há exatos 30 anos, estará sempre na história como uma das mais fatídicas do mundo da velocidade, pois foi a última vez que o ídolo brasileiro, para muitos insuperável na arte de pilotar, entrou num cockpit, um espaço que lhe era tão familiar e no qual ele se transformou, com talento e arrojo inigualáveis, em um dos maiores mitos do mundo não só da velocidade, mas do esporte como um todo.
O QUE ACONTECEU?
Desde o trágico ocorrido e até hoje o mundo se pergunta o que realmente aconteceu, já que não foi um acidente "normal" para os padrões da Fórmula 1.
Tricampeão mundial e com grandes chances de continuar empilhando vitórias e títulos, pois ainda tinha só 34 anos, Senna perdeu claramente o controle de seu Williams FW16, que transformou em reta uma velocíssima curva do circuito de Ímola, na Itália, e bateu de frente em uma parede de concreto, decretando naquele instante o fim da mais brilhante trajetória do melhor dos melhores.
Um dos pontos principais do acidente teria sido a ruptura da coluna de direção do carro, que sofreu modificações improvisadas e de última hora para permitir que Senna pudesse se sentir mais confortável no cockpit. Os engenheiros da Willians teriam alterado o ângulo da barra, soldando um tubo de menor espessura e que teria se rompido.
A investigação oficial comprovou que essa modificação gerou uma solda mal feita, o suficiente para que seis pessoas fossem denunciadas à Justiça italiana: Patrick Head, Frank Williams, Adrian Newey, Roland Bruynsereade, Giorgio Poggi e Federico Bendinelli.
Nos dois primeiros julgamentos, um em 1997 e outro em 1999, o grupo todo foi inocentado, mas anos mais tarde, precisamente em 2007, a Suprema Corte da Itália concluiu pela inteira responsabilidade de Patrick Head, que acabou condenado por homicídio culposo (quando não há a intenção de matar), mas o caso já estava prescrito e terminou impune.
Fundador da Williams e ex-marido da jornalista brasileira Betise Assumpção, por ironia do destino assessora de imprensa de Senna à época, Patrick Head era engenheiro e diretor-técnico da equipe e há anos deixou de ser figura carimbada nas corridas, pois as assiste apenas pela televisão. (Foto: Reprodução Twitter F1)