O processo histórico
J. J. Duran
É sabido que as lideranças de todo processo histórico tendem a desenvolver uma leitura do passado para legitimar o presente.
Mas podemos acrescentar que muitos dos chamados processos históricos, em especial no nosso continente, em mais de uma oportunidade culminaram em decadência e falência econômica e republicana das instituições democráticas.
Jair Bolsonaro e Javier Milei, brilhantes expoentes da nova ultradireita indo-americana até ontem adormecida, porém não destruída, se ocuparam em desenvolver slogans políticos que evocaram um passado não muito distante, no qual a democracia foi violada pela insurgência armada.
O diálogo pretendido entre o passado e este novo presente político, econômico e ideológico imposto tem oscilações próprias do momento vivido pelo nosso Continente.
Nesses dois casos, a proposta que se fez é que a cidadania e as instituições republicanas são pontos de partida e não pontos de chegada da democracia.
Por conta disso, a história recriou em ambos os países simetrias que não contribuíram para o exato conhecimento sobre regimes de exceção de um passado não muito distante.
Para conceituar esse momento, devemos partir do que escreveu sobre o tema o sociólogo britânico Thomas Marshall, para quem "todo líder político abraçado pela maioria absoluta, ainda que relativa quantitativamente, tem que ver que em todo processo histórico a ideia de Nação deve incluir, além dos direitos individuais e políticos, o diálogo respeitoso e construtivo".
E não restam dúvidas de que o debate límpido e democrático no recinto sagrado do Parlamento, onde está representada toda a sociedade, é o caminho mais límpido para o entendimento de que a História é feita de diferentes capítulos. (Foto: Roque de Sá/Ag. Senado)
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná