Deputado preso e saidinha
O comentário habitual deste espaço dará lugar hoje a um mero relato de dois fatos importantes acontecidos nesta semana, em Brasília. Cada leitor que faça a sua análise e tire as conclusões que julgar mais adequadas.
Fato 1: dos 129 deputados que votaram pela soltura do colega Chiquinho Brazão, que está preso sob acusação de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, no Rio de Janeiro, 101 são integrantes das chamadas bancadas BBB: "do Boi, da Bala e da Bíblia".
E mais: dos 106 que se ausentaram, o que indiretamente favoreceu o colega preso, 66 integram pelo menos uma dessas três frentes parlamentares.
Apesar disso, foram contabilizados 277 votos favoráveis à manutenção de Brazão atrás das grades, 20 a mais que o número mínimo necessário.
A bancada paranaense se posicionou assim: Sergio Souza, Toninho Wandscheer, Luciano Ducci, Luciano Alves, Luísa Canziani, Luiz Nishimori, Paulo Litro, Rodrigo Estacho, Soldado Fahur, Carol Dartora, Gleisi Hoffmann, Tadeu Veneri, Elton Welter, Zeca Dirceu, Aliel Machado, Luiz Carlos Hauly, Diego Garcia, Delegado Matheus Laiola, Felipe Francischini e Geraldo Mendes votaram pela manutenção da prisão; Felipe Barros, Fernando Giacobo, Vermelho, Dilceu Sperafico e Tião Medeiros votaram pela soltura; e Marco Brasil, Pedro Lupion, Reinhold Stephanes, Beto Richa e Nelsinho Padovani se abstiveram.
Fato 2 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou parcialmente o projeto aprovado pelo Congresso e manteve as saídas temporárias de presos para visitar familiares nas datas comemorativas, mas manteve outros pontos da proposta, como a proibição da concessão desse benefício àqueles que cometeram crimes hediondos com violência ou grave ameaça, como estupro, homicídio, latrocínio e tráfico de drogas.
O direito à saidinha existe desde 1984, quando entrou em vigor a atual Lei de Execução Penal, e desde sempre tem sido usado por muitos detentos como oportunidade de fuga. (Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)