Que a justiça seja feita
Independente de ideologia partidária, credo, cor, raça ou coisa que o valha, ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante, a não ser quando a sua própria vida está em risco. Por essa e tantas outras razões, e para mostrar ao Brasil todo que radicalismo político e violência são uma espécie de irmãos siameses, é aguardado com grande expectativa o desfecho de um dos episódios mais terríveis da campanha eleitoral de dois anos atrás, na vizinha cidade de Foz do Iguaçu, por irônico que possa parecer um dos maiores símbolos da hospitalidade já que é uma das localidades mais visadas por turistas brasileiros e estrangeiros.
Refiro-me ao júri popular do homicídio do guarda municipal Marcelo Arruda, assassinado a tiros na própria festa de aniversário e que foi invadida pelo réu Jorge Guaranho (foto), servidor público como a vítima já que era, à época, policial penal, e que, em seu ato tresloucado, usou uma pistola calibre.40 com o Brasão da República, o que levou a União (ou seja, o contribuinte) a ser condenada a indenizar a família da vítima.
Arruda era tesoureiro do PT de Foz e comemorava os 50 anos de idade com uma festa temática em apoio ao então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto Guaranho era defensor da candidatura do então presidente Jair Messias Bolsonaro.
O réu vai a julgamento após ser denunciado pelo Ministério Público do Paraná por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil (em função da violência política motivada pelo desrespeito às diferenças) e perigo comum, já que os disparos foram efetuados no local da festa e poderiam ter atingido também convidados do aniversariante.
O que todos esperam desse julgamento, que deve começar hoje e se estender pelo restante da semana, é que a lei seja aplicada ao pé da letra, até para servir de alerta aos intolerantes por ocasião de disputas políticas futuras.
NOTA DA REDAÇÃO: O júri ficou para 2 de maio, depois que os advogados de defesa de Guaranho abandonaram o plenário diante da recusa do juiz a um pedido de adiamento feito nesta quinta. A alegação é de que eles não tiveram tempo para se inteirar do processo, pois assumiram o caso há apenas dois dias. (Fotos: Reprodução redes sociais)