Quem irá nos salvar?
Não se tem sinais manifestos de que as autoridades de Cascavel estejam mais preocupadas com a violência do que com a ciranda partidária e demais costuras de bastidores para a eleição municipal de outubro próximo, mas o fato é que a cidade está vivendo, seguramente, o período mais sangrento de sua história recente, e sem que providências mais enérgicas sejam tomadas para proteger a população.
De uma hora para outra, a outrora pacífica Capital do Oeste do Paraná parece ter deixado de ser destaque pela qualidade de vida e pelo desenvolvimento econômico que ainda recentemente a classificaram como segunda melhor do Brasil no Prêmio Cidades Excelentes para se tornar uma espécie de terra sem lei, com banhos de sangue quase diários.
Nas últimas menos de 24 horas mais dois homicídios foram registrados, um deles à luz do dia e diante de inúmeras testemunhas, na saída de um colégio, e o outro em um bar periférico, mas ambos com todas as características de execução sumária.
Com mais esses dois casos, Cascavel contabiliza 33 assassinatos desde o início do ano, o equivalente a um a cada 72 horas. E isso sem contar as mortes de cinco forasteiros fora da lei que tiveram os "CPFs cancelados" em confronto com a Polícia Militar após virem à cidade supostamente com a intenção de realizar um grande roubo no depósito da Receita Federal.
São números estarrecedores e verdadeiros, não ficção de televisão ou cinema, e que estão a exigir das autoridades, e também das entidades representativas da sociedade cascavelense, uma ação bem mais enérgica junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública, pois a impressão que passa é que boa parte da cidade está dominada por milícias semelhantes às que fizeram do Rio de Janeiro o inferno em que foi transformada a antiga Cidade Maravilhosa.
As costuras políticas neste momento são imprescindíveis, até pela proximidade do pleito eleitoral, mas muito mais importante que isso é devolver à população cascavelense a paz e a segurança necessárias para que a cidade volte a ser destaque na mídia nacional por seu desenvolvimento, não por suas mazelas.