Tempos difíceis
J. J. Duran
No cenário indo-americano, especialmente no Brasil e na Argentina, está presente como nunca a polarização política.
O modelo socioeconômico implantado nesses países pela força da elite patrimonialista aumentou visivelmente as desigualdades sociais, que já existiam entre as diferentes camadas que conformam o desdenho social.
O decantado benefício social do crescimento sustentável se dá, em muitos países economicamente desenvolvidos, através de um processo no qual o esforço, a honestidade e a realidade são compartilhados por todos e não por uma parte apenas do tecido social.
Por trás do cenário da indo-América descrito acima circula o movimento do ódio ativo, que não é patrimônio deste ou daquele agrupamento político, mas sim de uma pequena casta chamada elite do atraso, que usa as redes sociais para semear ameaças e revanchismo contra tudo e contra todos que representam alguma ameaça ao seu poder de mando.
Trata-se de um ódio irracional, tóxico e que contamina a sociedade e produz a polarização entre aqueles elementos sociopolíticos que costumam pensar e agir de forma individual, não coletiva.
O primitivismo cultural e político é alarmante no nosso continente, fruto de anos de escravidão econômica de jovens sociedades que ainda não compreenderam a importância do diálogo e da verdade.
Isso sufoca e silencia a mensagem de que o Estado pode deixar de ser um gigante adormecido, falido, com leis e políticas anacrônicas.
A sociedade não pensante agoniza nesse lamaçal, que leva à violência fratricida e à pobreza cada vez maior.
Mas a culpa por isso tudo não é unicamente dos políticos revanchistas e sim todos que, na hora de votar, fazem a opção por candidatos primitivistas.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná