O uso da inteligência artificial a serviço da vida nas estradas
O mercado global de inteligência artificial alcançou um movimento de US$ 450 bilhões em 2022, segundo dados de um relatório da Kinea Investimentos. E a projeção para os próximos anos aponta para um crescimento significativo, com expectativa de aumento progressivo até atingir US$ 900 bilhões em 2026, representando uma evolução de 19% ao ano.
Com essa transformação digital, o transporte rodoviário de cargas também enxergou uma oportunidade de utilizar essas tecnologias para a redução de acidentes causados por fadiga, sonolência, distração e uso de aparelhos celulares, o que tem salvado muitas vidas nas estradas, além de minimizar prejuízos materiais.
Nesse segmento, o avanço refere-se ao uso de técnicas de IA (Inteligência Artificial), como machine learning e processamento de linguagem natural, para aprimorar e automatizar as operações logísticas. Esse avanço tecnológico permite que os sistemas analisem grandes volumes de dados em tempo real, identificando padrões e tomando decisões inteligentes para aprimorar eficiência, segurança e economia no transporte de cargas.
Por meio da obtenção de dados relacionados à velocidade, frenagem, aceleração, rotação do motor e outros fatores, a inteligência artificial consegue reconhecer padrões e hábitos de direção inadequados ou perigosos. Eduardo Ghelere, diretor executivo de uma das maiores e mais tradicionais transportadoras de Cascavel, com mais de 40 anos de atuação, explica que a empresa tem investido nessas tecnologias como base para seu negócio e que os ganhos são significativos, principalmente em segurança.
"Temos utilizado bastante as tecnologias com inteligência artificial e enxergamos um grande potencial, tanto no monitoramento da condução, quanto na avaliação dos motoristas. Nossos caminhões são equipados com telemetria veicular, um aparelho que coleta informações do veículo e envia para um servidor junto com outros dados para análise, e temos câmera interna para fazer a identificação automática de padrões considerados arriscados na direção. Fadiga, sonolência, distração, uso de aparelhos celulares, são comportamentos que a IA identifica sozinha, e automaticamente envia um alerta para a equipe de segurança fazer a análise, ao mesmo tempo, emite alertas para o motorista dentro da cabine, tudo sem interferência manual", comenta Ghelere.
A Ghelere Transportes implementou as câmeras e iniciou a utilização de IA implementadas nos caminhões em 2020, quando possuía 158 veículos na frota. Em 2023, mesmo com mais de 300 veículos, a empresa conseguiu reduzir em 22% o número de ocorrências de sinistros por desatenção, quando comparado com 2020, ano do início das implementações. "Esse é um resultado tangível e um ganho na segurança absurdo. Pense que dobramos a quantidade absoluta de quilometragem e reduzimos de maneira significativa quaisquer incidentes, sendo o principal o sinistro por desatenção", adicionou Eduardo.
"A capacitação do nosso profissional começa desde o momento de integração, porque além do preparo para que os motoristas dirijam dentro dos padrões esperados pela empresa, o uso de IA requer uma adaptação cultural. Oferecemos atualizações e treinamentos online e presenciais. Usamos gamificação para incentivar e engajar os motoristas. O fato de toda a empresa ser incentivadora da inovação e ter em seu trabalho essas tecnologias, soma para que todos se adaptem", finaliza. (Foto: Reprodução Agência Gov)