J. J. Duran

Milton Campos, militar e político brasileiro dos mais respeitados, disse certa ocasião que a demagogia lhe causava nojo, pois via nela a pior das calamidades da vida pública e, por isso, a estigmatizava com o ferro em brasa da sua indignação.

Nos últimos tempos temos visto muitos homens e mulheres fazendo uso aterrador da demagogia para criar uma atmosfera de simpatia popular aos seus nomes, quadro que invariavelmente produz verdadeiro festival de frustrações num futuro breve.

A demagogia gera malefícios mais extensos que os da autovalorização, pois coopta as pessoas de bem que se deixam iludir por promessas por conta da desinformação, que atinge a grande maioria do eleitorado.

A demagogia acaba envolvendo até mesmo os demagogos, que criam para seu uso uma segunda "verdade" para enganar aos incautos, que não procuram ou têm dificuldades de encontrar fontes confiáveis para atestar a falsidade das promessas a eles feitas.

O impacto da publicidade eleitoral bem elaborada e a intensiva aparição nas ruas criam uma atmosfera que dificulta até mesmo o bom uso da razão, debilita as mentes e ilude os eleitores de boa-fé.

Com promessas deixadas no passado, esses mendicantes do voto ajudam, com seu apetite por poder e benesses, a prescrever e substituir a democracia pela máscara de um hipotético novo tempo.

Três tipos de político podem ser distinguidos no exercício da vida pública: os idealistas, que assumem sempre a defesa de suas ideias; os realistas, que guardam fidelidade às suas ideias e as concretizam quando sentem que o momento e as circunstâncias permitem; e os oportunistas, que só têm ideia de seus próprios interesses.

Para o político adorador da demagogia, os valores morais e republicanos se impõem numa escala descendente. Frio e sorridente, porém indiferente, ele jamais se identifica com o sofrimento do povo e dele (povo) só faz uso eleitoral.

É um homem que empobrece politicamente sua cidade, seu Estado e seu País e dá sentido negativo à sua passagem pelo poder público.

Por isso tudo, na hora de votar é de suma importância informar-se para não depositar o voto em um político demagogo.

J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná