PT e PL no mesmo barco
Algo incomum chamou a atenção dos observadores mais atentos durante a sessão de ontem (20) do Senado: o fato de apenas dois dos 66 senadores presentes terem votado favoravelmente à criação de restrições à famigerada "saidinha", que permite que apenados passem algumas horas com a família em datas especiais, com o compromisso de retornarem às prisões em seguida.
Os três senadores paranaenses votaram favoravelmente à mudança e os únicos dois que se posicionaram contra foram o cearense Cid Gomes (PSB) e o sergipano Rogério Carvalho (PT). Liberada por seu líder Jacques Wagner, até a bancada petista contribuiu com maioria de votos para restringir esse benefício, que ganhou características de excrescência pelo mau uso por parte de beneficiários e autoridades, alinhando com a turma do PL do ex-presidente Bolsonaro, cujo filho número 1 (Flávio) foi o relator da matéria.
Praticamente impensável até poucos dias atrás, diante da polarização exacerbada que tomou conta do País às vésperas da eleição de 2022 e persiste até hoje, esse alinhamento deve ser visto como um sinal concreto, mesmo que pequeno, de que nosso Congresso ainda tem salvação como ferramenta de garantia da ordem pública.
Voltando ao texto aprovado, que precisará voltar à apreciação da Câmara, ele teve incluída uma emenda de Moro prevendo que as saídas temporárias continuarão permitidas, mas apenas para trabalho e estudo de detentos do regime semiaberto que atendam a outros dois requisitos: que tenham cumprido no mínimo um sexto da pena no caso de réus primários ou um quarto da pena no caso de réus reincidentes. (Foto: Jeferson Rudy/Agência Senado)