Iludindo os trouxas
J. J. Duran
Escrever nestes meses de verão é como apalpar na neblina. Por vezes, nos convencemos de que não basta escrever sobre os figurões políticos, que são uma espécie de estrelas do cenário.
Por certo a verdade, pouco usada nos comentários da chamada grande mídia logo após as ruidosas manifestações e os discursos negativistas recentes, deixou de ser decifrada por inteiro.
Na mente dos novos messias adoradores do deus mercado, a verdade dos ocupantes de cargos públicos de confiança é receber ajuda proveniente dos escuros personagens que rodeiam o poder.
Perplexo com a quantidade de dinheiro roubado da República, o contribuinte, minúsculo representante da "sociedade", ainda é obrigado a ver os assaltantes do erário em famosos programas de auditório respondendo perguntas estúpidas e dando respostas otárias, sempre com a participação de ruidosa claque batendo palmas de aleluia à atuação do figurão entrevistado.
Certa vez escrevi que esta nobre missão de jornalista, desvalida e desmotivada pelo pensamento de muitos colegas imolados pela guerra infame desatada pelo sociopata Putin e pelo sionista primeiro ministro de Israel, existe aquilo que é conhecido como sintaxe da canalhice, expressão que se usa para pescar leitores com o conteúdo exposto na manchete.
Neste cenário também ressurgiu, com misteriosa força, a tal "delação premiada", que nada mais é do que dar transparência ao dinheiro saqueado dos cofres públicos por delinquentes do colarinho branco, via de regra perdoados e mantidos no poder graças ao "dom" verborrágico usado para iludir os trouxas na busca do sagrado voto.
Os brasileiros terão neste ano as eleições nos municípios, berços da democracia, e vale o alerta para que não se empolguem com passados reescritos por hábeis marqueteiros ou com a vizinhança quotidiana com os felizardos brotados de escuros conchavos feitos entre quatro paredes.
J. J. Duran é jornalista, membro da Academia Cascavelense de Letras e Cidadão Honorário do Paraná